Desde o início do período eleitoral me mantive quieto quanto a intenção de voto ou a defesa desse, ou daquele candidato nas minhas redes sociais. Ainda me manterei sigiloso quanto ao meu voto, mas me manifesto contrário as declarações do presidenciável Levy Fidelix.
Democracia não dá o direito de ofender ou discriminar quem quer que seja. A democracia tem, entre outras premissas, a liberdade de expressão, sim! (entendendo que a liberdade de expressão não é ofensa e discriminação) Bem como a democracia preza pela igualdade nos direitos.
Um candidato à presidência não poderá, jamais, defender suas opiniões religiosas, acima da garantia igualitária de direitos para todos os cidadãos. Independente de opção/escolha afetiva e sexual, classe social e etnia.
Por isso é sempre importante lembrar que um pastor não pode impor os dogmas do cristianismo a um país, bem como um rabino, um babalorixá, um padre ou qualquer outro líder religioso não poderá impor suas crenças, caso sejam eleitos enquanto políticos.
O presidente deve ser o primeiro a garantir direitos iguais a todos. Assim sendo, ele não pode impedir a garantia do direito ao casamento por pessoas do mesmo sexo. Ele não deve ofender pessoas por terem uma opção ideológica/religiosa/cultural/musical/sexual... diferente da dele, especialmente por ser/querer o cargo máximo do Poder Executivo.
Os homoafetivos não são doentes para serem tratados "bem longe daqui" e a psicologia já afirmou que o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo não é uma doença, contrariando o presidenciável. A declaração de Levy ofende todos que lutam pela igualdade dos direitos, os homoafetivos, os simpatizantes e defensores da causa LGBT's e dissemina a intolerância e o ódio, ofendendo também quem luta por dias de mais amor, respeito e paz em nosso país.
Talvez ele não ofenda a 99,9% dos brasileiros como foi declarado, mas ofenda uma boa parte. A parte que busca por dias de mais respeito para com o próximo. A parcela que sabe que a igualdade dos direitos é o principal passo para um Brasil melhor.
Que essa eleição mostre a maturidade do eleitor brasileiro e que, principalmente, possamos afastar da liderança do nosso país aqueles que são intolerantes, preconceituosos, racistas e retrógrados que se valem da religião e da ignorância do eleitor para seu benefício político/financeiro.
Quando o "país do futuro" apresenta candidatos intolerantes e preconceituosos pode ser um sinal de que ainda estamos no passado.
Jorge Vercilo - Avesso