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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Presentes de aniversário

Na TV, o Brasil deu um show de bola. A cerveja gelada, acompanhada das conversas quentes arrematou o que tinha tudo pra dar certo desde o começo. Para mim não precisava de mais nada, mas ainda tinha tanta coisa pra rolar. Os presentes vieram.

E vieram também até alguns ausentes que tornaram a manhã, a tarde e a noite ainda mais especial. Não faltaram amigos e agora tenho a real dimensão do quanto sou bem quisto onde quer que eu vá. Não quero me gabar, nem me achar melhor em algo, mas os amigos que cativei e cultivei por toda a minha vida são, de longe, os melhores.

E se na rua as coisas já iam muito bem, chegar em casa seria uma grande parte do dia. "Que você encontre sua paz e seu caminho", disse meu pai após o abraço e o beijo. Aquilo entrou na minha alma e só confirmou todas as coisas boas que tenho a seu respeito. Por falar em respeito, ele ganhou ainda mais o meu. Aliás, não é de hoje que o velho vem desempenhando muito bem a função paterna.

Sentir esse amor vindo dele, da minha mãe, dos amigos e de quem me ama faz tão bem que nem precisava ter ganho mais nada no meu aniversário. Me faz muito bem saber que todos eles são relicários onde deposito amor, amizade e respeito e posso, sempre que precisar, recolher esses bens preciosos. São os verdadeiros presentes do meu aniversário.

Se tudo isso me foi dado não reclamo. Merecido foi e isso não vou discutir, apenas receber de muito bom grado.

Nando Reis - Meu aniversário/Relicário

terça-feira, 29 de junho de 2010

São Pedro

Junho termina, mas em grande estilo. O último santo a ser comemorado nas festas juninas é ninguém menos que o porteiro do céu. São Pedro é considerado o primeiro papa e fundador da Igreja Católica.

O santo é o responsável pela chuva, segundo a crença de muitos fiéis. Além de ter a chave do céu, controlando assim a entrada no paraíso. Imagem comumente retratada em desenhos, filmes e seriados como o porteiro divino. Então, saudemos o santo pra que esteja tudo bem quando batermos à sua porta.

Biquini Cavadão - Chove chuva


Zé Ramalho - Batendo na porta do céu

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Momento Platão

"Tente mover o mundo - o primeiro passo será mover a si mesmo."

"Uma vida não questionada não merece ser vivida."

"O que faz andar o barco não é a vela enfunada, mas o vento que não se vê."

"O bom juiz não deve ser jovem, mas ancião, alguém que aprendeu tarde o que é a injustiça, sem tê-la sentido como experiência pessoal e ínsita na sua alma; mas por tê-la estudado, como uma qualidade alheia, nas almas alheias."

"Tudo quanto vive provém daquilo que morreu."

"A necessidade que é a mãe da invenção."

"Felicidade é algo que vive dentro de você, de seu coração."

domingo, 27 de junho de 2010

Momento Carlos Heitor Cony

"Ano novo, vida velha. A vida é mais do que calendários, fusos ou orbita gravitacional."

"Não dá para viver sem um truque. A noite, enquanto espera o sono, esboce novos planos que lhe tragam, se não a glória, pelo menos o suficiente para continuar a fazer novos planos para um amanhã. Pode ser um amanhã simples, modesto, que seja apenas um amanhã."

"Vivo como posso, e posso muito porque tenho ideias."

"A vida longe das privações é lastimável justamente porque nos dá uma perspectiva para julgá-la. Cada vez que lavo as mãos penso nisso. E me absolvo."

"Não dá para viver sem um truque. Eu me declarei morto. É uma sensação tanquila essa da gente se saber morto. Clandestino morto. Insuspeitado morto. Na tripulação do mundo. Já não me sinto comprometido com nada, mas continuo como testemunha do epetáculo. Não mais como cúmplice e nem vítima. Este é o meu truque."

sábado, 26 de junho de 2010

O ato final

As coisas pareciam piorar e se complicar com o passar do tempo. A sensação de que nada iria dar certo e, de fato, tudo se mantendo na mesma situação fez o desespero ser inevitável. Ele achava que sabia o que um suicida pensava antes de cometer o ato final. Achava que entendia uma cabeça suicida, mesmo que não concordasse, mas entendia.

A corda no pescoço, o tiro na cabeça, o aço rasgando os punhos... doía, mas poderia ser menos doloroso do que aquele sofrimento que parecia jamais acabar. Felicidade tem validade, mas parece que tristeza vem de uma fonte inesgotável. Pode beber, pode chorar, pode gritar, você vai permanecer no mesmo lugar sentado ao lado da sua tristeza de estimação.

Uma dose qualquer, música e conversar à vontade já amenizam um pouco. Pelo menos curavam seu mal e lhe serviam de remédio. Nem sempre, mas nada é ou permanece igual nessa vida. Tudo muda, amores mudam e com eles as dores também mudam. E agora pra onde correr?, se questionou no fim da garrafa.

De repente se viu encurralado entre um monstro gigantesco e um outro, mais sutil, sedutor e duas vezes mais venenoso. Mas a culpa é sua, é o seu sangue que torna esse veneno mais forte e este monstro maior. Alguém o alertou que só havia um inimigo, um terceiro, aquele que criava no estômago. Só que ele duvidou que pudesse cometer tal covardia e crueldade contra si.

Mas esse alguém tinha razão. Como todos sempre têm suas parcelas de razão nessa vida, pensou. E pensar na vida, no momento em que ela não está bem, não é nada recomendável. Sabe como é, dificilmente se lembra das coisas boas. Principalmente quando a ênfase está nas ruins. E o que faço?, perguntou a uma amiga. Apenas sorria, respondeu a moça.

E ele sorriu. Um sorriso amarelo, sem graça, sem muitas outras coisas, mas era um sorriso. Não resolveu, mas melhorou. Tudo complicado na sua vida pessoal, mas com a saúde 100%. Fazendo um balanço otimista, tudo ia bem. Não sabia por onde esse "bem" ia, talvez por algum lugar bem longe dali. (Internacionalmente piegas, Soul far away)

Leoni e Herbert Vianna - Por que não eu?

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Momento Fernando Pessoa

Dorme enquanto eu velo…
Deixa-me sonhar…
Nada em mim é risonho.
Quero-te para sonho,
Não para te amar.

A tua carne calma
É fria em meu querer.
Os meus desejos são cansaços.
Nem quero ter nos braços
Meu sonho do teu ser.

Dorme, dorme, dorme,
Vaga em teu sorrir…
Sonho-te tão atento
Que o sonho é encantamento
E eu sonho sem sentir.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Momento Arnaldo Jabor

O amor deixa muito a desejar
(Arnaldo Jabor)


A Rita Lee fez uma música com a letra tirada de um artigo que escrevi, sobre amor e sexo.
A música é linda, estou emocionado, não mereço tão subida honra, quem sou eu, quase enxuguei uma furtiva lágrima com minha "gélida manina" por estar num disco, girando na vitrola sem parar com Rita, aquela hippie florida com consciência crítica, aquela hippie paródica, aquela mulher divinamente dividida, de noiva mutante ou de cartola e cabelo vermelho que, em 67, acabou com a caretice de Sampa e de suas lindas "minas" pálidas.

A música veio mesmo a calhar, pois ando com uma fome de arte, ando com saudade da beleza, ando com saudade de tudo, saudade de alguma delicadeza, paz, pois já não agüento mais ser apenas uma esponja absorvendo e comentando os bodes pretos que os políticos produzem no Brasil e o Bush lá fora. Ando meio desesperançado, mas essa canção de Rita trouxe de volta a minha mais antiga lembrança de amor. Isso mesmo: a canção me trouxe uma cena que, há mais de 50 anos, me volta sempre. Sempre achei que esse primeiro momento foi tão tênue, tão fugaz que não merecia narração. Mas, vou tentar.

Eu devia ter uns 6 anos, no máximo. Foi meu primeiro dia de aula no colégio, lá no Meier, onde minha mãe me levou, pela Rua 24 de Maio, coberta de folhas de mangueira que o vento derrubava. Fiquei sozinho, desamparado, sem pai nem mãe no colégio desconhecido. No pátio do recreio, crianças corriam. Uma bola de borracha voou em minha direção e bateu em meu peito. Olhei e vi uma menina morena, de tranças, com olhos negros, bem perto, me pedindo a bola e, nesse segundo, eu me apaixonei. Lembro-me de que seu queixo tinha um pequeno machucado, como um arranhão com mercúrio-cromo, lembro-me que ela tinha um nariz arrebitado, insolente e que, num lampejo, eu senti um tremor desconhecido, logo interrompido pelo jogo, pela bola que eu devolvi, pelos gritos e correria do recreio. Ela deve ter me olhado no fundo dos olhos por uns três segundos mas, até hoje, eu me lembro exatamente de sua expressão afogueada e vi que ela sentira também algum sinal no corpo, alguma informação do seu destino sexual de fêmea, alguma manifestação da matéria, alguma mensagem do DNA. Recordando minha impressão de menino, tenho certeza de que nossos olhos viram a mesma coisa, um no outro. Senti que eu fazia parte de um magnetismo da natureza que me envolvia, que envolvia a menina, que alguma coisa vibrava entre nós e senti que eu tinha um destino ligado àquele tipo de ser, gente que usava trança, que ria com dentes brancos e lábios vermelhos, que era diferente de mim e entendi vagamente que, sem aquela diferença, eu não me completaria. Ela voltou correndo para o jogo, vi suas pernas correndo e ela se virando com uma última olhada.

Misteriosamente, nunca mais a encontrei naquela escola. Lembro-me que me lembrei dela quando vi aquele filme Love Story, não pelo medíocre filme, mas pelo rosto de Ali McGraw, que era exatamente o rosto que vivia na minha memória. Recordo também, com estranheza, que meu sentimento infantil foi de "impossibilidade"; aquele rosto me pareceu maravilhoso e impossível de ser atingido inteiramente, foi um instante mágico ao mesmo tempo de descoberta e de perda. Escrevendo agora, percebo que aquela sensação de profundo "sentido" que tive aos 6 anos pode ter marcado minha maneira de ser e de amar pelos tempos que viriam. Senti a presença de algo belíssimo e inapreensível que, hoje, velho de guerra, arrisco dizer que talvez seja essa a marca do amor: ser impossível. Calma, pessoal, claro que o amor existe, nem eu sou um masoquista de livro, mas a marca do sublime, o momento em que o impossível parece possível, quando o impalpável fica compreensível, esse instante se repetiu no futuro por minha vida, levando-me para um trem-fantasma de alegrias e dores.

Amar é parecido com sofrer - Luís Melodia escreveu, não foi? Machado de Assis toca nisso na súbita consciência do amor entre Bentinho e Capitu:
"Todo eu era olhos e coração, um coração que desta vez ia sair, com certeza, pela boca."
Isso: felicidade e medo, a sensação de tocar por instantes um mistério sempre movente, como um fotograma que pára por um instante e logo se move na continuação do filme. Sempre senti isso em cada visão de mulheres que amei: um rosto se erguendo da areia da praia, uma mulher fingindo não me ver, mas vendo-me de costas num escritório do Rio... São momentos em que a "máquina da vida" parece se explicar, como se fosse uma lembrança do futuro, como se eu me lembrasse ali, do que iria viver.

Esses frêmitos de amor acontecem quando o "eu" cessa, por brevíssimos instantes, e deixamos o outro ser o que é em sua total solidão. Vemos um gesto frágil, um cabelo molhado, um rosto dormindo, e isso desperta em nós uma espécie de "compaixão" pelo nosso próprio desamparo, entrevisto no outro.

A cultura americana está criando um "desencantamento" insuportável na vida social. Vejam a arte tratada como algo desnecessário, sem lugar, vejam as mulheres nuas amontoadas na internet. Andamos com fome de beleza em tudo, na vida, na política, no sexo; por isso, o amor é uma ilusão sem a qual não podemos viver. Todas essas tênues considerações, essas lembranças de lembranças, essa tentativa de capturar lampejos tão antigos, com risco de ser piegas, tudo isso me veio à cabeça pela emoção de me ver subitamente numa música, parceiro de Rita Lee, "lovely Rita", a mais completa tradução de São Paulo, essa cidade cheia de famintos de amor.

Rita Lee - Amor e sexo

São João

João Batista é um dos personagens bíblicos mais famosos. Filho de Isabel, prima de Maria, o santo anunciou a vinda do primo, Jesus Cristo e posteriormente o batizou. Tido como um profeta, citado nos livros do antigo testamento, São João é também um dos mais populares e mais festejados santos do catolicismo.

Segundo dos três santos que inspiram e são comemorados nas festas juninas por todo o país. São João Batista, protetor das mulheres grávidas. Fica aqui nossa homenagem ao santo e às futuras mamães. Feliz São João!

Pitty - Mulher Barriguda


Simone e Zélia Duncan - Grávida


Maria Bethânia - São João, Xangô menino

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Momento Mahatma Gandhi

"Temos de nos tornar na mudança que queremos ver."

"Quem sabe concentrar-se numa coisa e insistir nela como único objetivo, obtém, ao fim e ao cabo, a capacidade de fazer qualquer coisa."

"Odeio o privilégio e o monopólio. Para mim, tudo o que não pode ser dividido com as multidões é tabu."

"É melhor que fale por nós a nossa vida, que as nossas palavras."

"Deus é puríssima essência. Para os que têm fé nele, Deus simplesmente é."

"Como defender uma civilização que somente o é de nome, já que representam o culto da brutalidade que existe em nós, o culto da matéria."

"As verdades diferentes na aparência são como inúmeras folhas que parecem diferentes e estão na mesma árvore."

"A dignidade pessoal e a honra, não podem ser protegidas por outros, devem ser zeladas pelo indivíduo em particular."

terça-feira, 22 de junho de 2010

Salmos

Salmo 120

1. Levanto meus olhos para as montanhas e pergunto:
"De onde virá socorro?"

2. O meu socorro vem do Senhor,
criador do Céu e da Terra.

3. Não deixará que meus pés tropecem,
nem permitirá que os anjos de guarda adormeçam.

4. Deus nunca adormece, nem se recolhe a Seu leito.
O Senhor é que guarda Israel.

5. Seu defensor de guarda é o Senhor,
que está protegendo a Seu lado direito.

6. O Sol nunca há de ferir seu corpo,
e muito menos o luar.

7. De todos os males
o Senhor o protegerá:
será seu escudo protetor,
por quanto tempo tiver vida.

8. O Senhor protege sua entrada e sua saída,
sua partida e sua chegada.
Agora e sempre.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Outono, Inverno e Primavera

De noite tão frio, pela manhã tão quente e a sensação de que o tempo muda de uma hora pra outra, sem ser aos poucos. O inverno começou hoje, mas em alguns momentos do dia ele sumiu e era apenas mais um dia quente e seco. Talvez fosse algum resquício do outono de ontem.

Mas já era noite, já estava frio e estar dentro de casa era uma opção das mais quentinhas de se fazer. De frente para o computador me entretia com alguns vídeos quando meu sobrinho ouviu a voz infantil vinda da máquina e logo se aproximou encostando a cabeça no meu ombro, atento às pequenas colegas de infância na tela.

A bola, por um instante, estava desinteressante (assim mesmo, com rimas fracas mas que fazem entender). Sorri e passei meu braço pelos seus ombros o aconchegando ao meu lado. Assistimos ao vídeo. A canção não me era desconhecida, mas pra ele a letra não fazia a mínima importância. Interessante era ver as duas meninas cantarolando ali, fantasiadas, parecendo se divertir com tudo aquilo.

Acho que me vi criança também. Fantasiado, cantarolando algo e com a imagem do meu pai e seu violão de noite, depois que a TV estava desligada. A canção, também ouvida há muito, me remeteu a esse passado infantil e tão gostoso. Sim, com gosto de biscoito, bolo, chá e outras delícias da vovó. Gosto de trazer meus jogos pra que meu pai jogasse comigo após um dia de trabalho.

Pai. Nos últimos meses ele foi tão pai, que acho que nenhum outro conseguiria ser assim por completo. Generoso, amoroso, bondoso, compreensivo e se fazendo tão grande, ao se fazer humilde. Incompreendido por mim tantas vezes, ele foi quem mais me entendeu. Ele é onde, hoje, posso encostar minha cabeça e esperar seu braço me envolver para juntos assistirmos à vida.

Pato Fu - Primavera

Momento Roberto Shinyashiki

"Sonhar é de graça, mas realizá-lo custa muito."

"Problemas não impedem ninguém de ser feliz."

"Quando o indivíduo tem compromisso com sua essência, a vida não se torna um fardo pesado de carregar."

"Não tenha medo de ser você."

"Felicidade é como dieta, todo mundo sabe o que tem de fazer para conseguir seu objetivo, mas a maioria não põe em prática esse conhecimento."

"A primeira transformação necessária para que ocorra a felicidade é passar a acreditar na possibilidade de um mundo onde todos possam se realizar."

"Nossas riquezas ultrapassam o lado material."

"É preciso saber lutar como um leão, mas lutar por sonhos que valham a pena."

"Liberte seu coração e deixe que ele construa seu futuro."

domingo, 20 de junho de 2010

Tremendão 5.0 - parte II

O programa também comemorava os 69 anos de vida do cantor. Prosseguindo com o especial do Altas Horas, continuamos com os encontros e homenagens ao nosso Tremendão. Abrimos a segunda parte desse tributo com Erasmo Carlos e Luiz Melodia cantando a sua fama de mau.

Erasmo Carlos e Luiz Melodia - Minha fama de mau


Erasmo Carlos e Roberta Sá - Do fundo do meu coração


Erasmo Carlos e Fernanda Abreu - Coqueiro Verde


Erasmo Carlos e Maria Bethânia - Sentado à beira do caminho


Erasmo Carlos e Marcelo D2 - Sou uma criança não entendo nada


Erasmo Carlos e Sandra de Sá - Festa de Arromba

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Momento José Saramago

Poema à boca fechada
(José Saramago)

Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.

Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.

Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.

(In OS POEMAS POSSÍVEIS, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1981. 3ª edição)

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Amores e milagres

Foi difícil pro velho falar. Sempre tão seguro e tão rápido no diálogo e nos pensamentos, agora ele se esforçava para não se perder e se fazer entender da melhor maneira. Sugeria uma ajuda psicológica, mas não o questionei. Para ele isso seria fruto de um surto de modismos, dúvidas, influências midiáticas e tudo mais, mas o lance ultrapassa tudo isso. Não é apenas uma questão tão superficial assim.

Ele estava comigo, como sempre esteve e sempre estará. No final saí vivo. Mais vivo do que nunca. Em paz comigo, com o mundo e ciente de que teria o amor e o apoio de todos que me importavam e se importavam comigo. Milagres?, pergutariam alguns. Pode ser, quando se acredita no divino as boas coisas surgem como se fossem. E os milagres estão aí a acontecer, todos os dias. Basta apenas ousar recebê-los com a alma limpa e pura.

Não são apenas milagres, é amor. Todas as possíveis formas de amor, geradas em meio a tudo isso. Tenho vivido cultivando e semeando o amor nos mais diversos corações e almas, eis que chegou meu momento de fazer a colheita. E essa colheita tem me rendido uma ótima safra. Colheita farta de grãos que saciam qualquer fome.

Caetano Veloso - Milagres do povo

Salmos

Salmo 36

1. Porque prosperam os maus, enquanto os bons sofrem?
Nunca inveje quem pratica o mal.

2. Pois bem depressa todos seus atos se tornarão inúteis,
assim como a relva verdejante seca e murcha, se não for tratada.

3. Seja um reflexo do amor do Senhor, e faça o bem.
Assim você viverá na Terra com segurança.

4. Procure no Senhor seus bons pensamentos,
assim terá tudo que é verdadeiro.

5. Confie sua prosperidade e sua felicidade às mãos de Deus.
E, na oração, espere Sua resposta.
Tenha calma, Ele intercederá por você.

6. Ele fará brilhar todas as luzes.
Elevará a justiça e o que é de seu direito, e a luz brilhará como o sol do meio-dia.

7. Tenha segurança e espere a resposta do Senhor.
Não se revolte, quando alguém prosperar às suas custas,
nem fique irritado com aquele que faz tantas intrigas com seu nome.

8. Reprima a raiva, acalme o instinto e não fique deprimido.
Assim, seu anjo de guarda estará sempre a seu lado.

9. Os maus pensamentos fazem com que as pessoas atrasem sua evolução.
Quem tem fé no Senhor possuirá, enquanto viver, toda plenitude.

10. Deixe as pessoas maldosas seguirem outro caminho,
e se elas o procurarem não mais o acharão, pois seu caminho foi elevado.

11. Somente os bons terão oportunidades e irão gozar da mais perfeita paz.

12. O mal planeja contra o justo e range seus dentes,
mostrando o quanto é instintivo.

13. O Senhor tem pena deste coitado,
porque seu dia vai chegar.

14. Por mais que os maus queiram ferir, com suas espadas, os justos,
pensando em acabar com quem anda pelo caminho do bem,

15. o contrário acontecerá!
Suas espadas irão ferir seus próprios peitos,
e deles nada restará.

16. Mais vale o pouco que possui o justo,
do que as muitas riquezas do ímpios.

17. Deus não ouve as lamúrias dos ímpios quando estão doentes,
pois a preocupação do Senhor é com os justos.

18. O Senhor cuida da vida dos honestos,
e para sempre durará esta proteção.

19. Confie, mesmo quando achar difícil.
Mesmo passando por humilhações e até fome,
aceite seu fardo, pois com a proteção do Senhor, há de passar o pior.

20. Perceba quanto os maus se enfraquecem e definham e,
passo a passo, com a frieza de seus pensamentos, são congelados e esquecidos.

21. A pessoa que é má pede emprestado e não devolve.
O justo, mesmo sentindo-se tolo, é compassivo e divide o que é seu.

22. Por tudo isso, Deus abençoa o justo,
que há de ser o dono da terra.
Mas quem pratica atos contrários
será esquecido para todo o sempre!

23. Sinta seus passos, como estão firmes,
siga seu caminho com gosto pelo amor.

24. Se cair, amigo, não fique no chão.
Levante-se, pois o Senhor o sustenta pelas mãos.

25. Eu já fui jovem. Hoje sou velho,
mas jamais vi uma pessoa boa abandonada ou mendigando.

26. Deus é sempre compassivo
e dá graças e bênçãos a todos os descendentes de homens bons.

27. Tire de seus pensamentos qualquer mal
e faça o bem para que possa concluir sua missão gloriosa.

28. Pois o Senhor ama tanto o justo
que nunca irá deixá-lo, e nem seu anjo de guarda se distanciará.
Infelizes os maus, pois sem sorte irão viver,
e o mesmo pode ocorrer com seus filhos.

29. Os justos terão as graças para viver em paz eternamente.

30. O justo só fala de coisas sensatas, e suas palavras proclamam a justiça.

31. Em seu coração, Deus plantou as mais belas palavras de amor,
então seus passos não vacilam.

32. O ímpio observa o bom,
e deseja que sua morte chegue logo.

33. O Senhor nunca o deixará de lado,
nem o condenará, pois nunca será julgado.

34. Confie no Senhor e siga seu caminho.
Ele elevará sua vontade de possuir todas as boas coisas que a Terra pode oferecer.
Assistirá alegre à sua vitória.

35. Eu vi o mal repleto de vaidade,
sentindo-se frondoso como o cedro.

36. Para minha surpresa,
passei e não encontrei.
Procurei e não vi.

37. Observe o homem bom e justo:
ele, na posteridade, terá paz.

38. Mas os contrários sofrerão,
e a descendência do homem mau desaparecerá.

39. Somente pelo Senhor existe salvação.
Deus dá refúgio em qualquer tipo de tormenta.

40. Só o Senhor nos livra dos maus e nos acolhe.
Quem tem confiança no Senhor é feliz!

Caminho sem volta

A noite foi tranquila, confortável. Bem aquecido não sentiu o frio, nem pensou em tudo que havia feito durante aquele dia. Apenas deitou e pouco tempo depois já estava dormindo. Uma noite sem sonhos, sem incômodos noturnos ou mesmo sem pesadelos quaisquer.

De manhã o frio ainda permanecia, mesmo com o sol alto no céu ainda fazia bastante frio. Desperto, ele lembrou de tudo que fez ontem e por alguns minutos tentou dormir mais um pouco e evitar encarar o dia. Não havia mais o que fazer, não se podia voltar atrás. Por mais que aquilo lhe causasse algum medo ele era um homem mais despreocupado.

Sua mãe fingiu não saber de nada, mas não conseguia ser a mesma. Ele não tocou no assunto, sabia que ela estava triste com tudo. Lhe dirigiu poucas palavras, mas nas últimas já estava mais amorosa. Agora era esperar que tudo se acalmasse dentro e fora de casa. Ele já não se arrependia de nada.

Fez o que deveria ter feito. Antecipou o inevitável e sabe que agora poderá viver melhor. Ainda é cedo pra saber o tamanho do dano causado, mas ele não tinha dúvidas que havia tomado a melhor e mais importante decisão na sua vida. Uma coragem covarde, como ele mesmo chegou a dizer, mas havia ali muito mais coragem do que ele podia imaginar.

Erasmo Carlos e Frejat - Filho único

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Tremendão 5.0 - parte I

Erasmo Carlos é um dos maiores compositores e artistas brasileiros. Parceiro de Roberto Carlos antes mesmo dos tempos de Jovem Guarda, o Tremendão (como ficou conhecido) também completou 50 anos de carreira. Mais uma vez prestamos nossa devida homenagem pegando carona no programa Altas Horas, dedicado ao artista.

Erasmo Carlos e Adriana Calcanhoto - Gatinha Manhosa


Erasmo Carlos e Paula Toller - Vem quente que estou fervendo


Erasmo Carlos e Maria Bethânia - As canções que você fez pra mim


Erasmo Carlos e Frejat - Filho único


Erasmo Carlos e Marcelo Camelo - Eu sou terrível


Erasmo Carlos e Wanderléia - É preciso Saber viver

terça-feira, 15 de junho de 2010

A maçã ferida

Entrei na cozinha em busca de um sabor que não sabia ao certo qual seria. Observando as maçãs tentei achar a mais bonita e gostosa, a que estivesse próxima da perfeição. Maçã perfeita? Comecei a rir de mim e das minhas loucuras. Perfeição é mais uma daquelas palavrinhas que a gente nunca vai saber o que significa plenamente. O perfeito está sempre sujeito as imperfeições.

Quantas vezes me surpreendi com um dia perfeito e de repente vieram outros melhores ainda. E aquele, o primeiro, já não conseguia ser tão perfeito assim. Já era pouco pra mim, porque já havia mudado meu conceito de perfeição. Os beijos e noites perfeitas foram superadas em inúmeras outras noites.

E os seres humanos perfeitos? Ou são seres humanos, ou são perfeitos, não podem ser os dois ao mesmo tempo. Mas meu erro foi me esquecer dessa regra. E me horrorizar quando o meu super herói cometeu um crime. Eu não vi, mas suas mãos sujas de sangue o incriminaram fácil e inegavelmente. E agora, devo temê-lo ou continuar a adorá-lo? Já não consigo olhá-lo com os olhos brilhantes e infantis de antes.

Como criança arredia, corri para o quarto e debaixo das cobertas não quis acreditar que meu herói seria capaz de ser cruel. De perder sua justiça e ferir tanta gente inocente. De me ferir usando seus poderes e sua super-confiança. Com o passar dos dias tudo acabou se ajeitando. Feridos se recuperaram e o herói foi julgado e perdoado no fim. Pelo menos acredito que tenha sido assim.

Ele ainda nos protege? Não sei, desisti dos heróis. Acho que estou velho demais pra eles, então deixei-os nos meus quadrinhos. Os esqueci nas prateleiras empoeiradas e entendi que o transformei em herói sem ao menos saber se queria tais poderes e responsabilidades. Assim como eu, ele é apenas um humano. Somos iguais, então consegui deixar as cobertas e olhar nos seus olhos novamente.

Peguei a maçã que estava um pouco ferida no topo. Retirei a parte estragada e comi o restante da fruta. Aquela não seria a perfeita, à primeira vista, mas estava deliciosa como uma boa maçã tem de ser. Mais uma lição aprendida na cozinha: Não esperar demais das "maçãs" pode nos render boas (e saborosas) surpresas!

Engenheiros do Hawaii - Pra ser sincero

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Momento Arnaldo Jabor

Crônica do amor
(Arnaldo Jabor)

Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta. O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.

Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.

Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco. Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no ódio vocês combinam. Então? Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.

Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.

Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama este cara? Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.

É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível. Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?

Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados. Não funciona assim. Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.

Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó! Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.

Insônia

Nunca antes havia me sentido de alguém. Que louco isso! Como se eu fosse um objeto, uma extensão de você, meu prazer agora dependia completamente do seu. Eu preciso de mais. Uma dose diária de você me cairia bem hoje. Talvez um pouco mais de ontem já me bastaria pra sobreviver por mais algumas horas. Horas de uma noite em claro, mas ainda assim me valeria.

Lua escondida em algum canto, noite linda e fria. Clareando o céu, o chão e os seus olhos. Que noite deliciosa. O perigo de sermos pegos. Os beijos ardentes. Os gemidos. O sexo... tudo moldado e nos servido. Você deitou sua cabeça no meu peito, como criança procurando abrigo. E eu apenas te olhava, encantado. "Me deixa te levar pra casa comigo e te colocar na cabeceira da minha cama?", pensei.

De repente teu perfume me veio. Daí lembrei do sexo, de conhecer cada detalhe do teu corpo, do nosso banho e tudo foi se reavivando na minha cabeça. Não que já estivesse morto, pelo contrário. Com tantas lembranças foi difícil não acordar. Foi difícil retomar o sono com tudo me deixando desperto.

Nando Reis e Erasmo Carlos - De noite na cama

domingo, 13 de junho de 2010

Santo Antônio

Comemora-se hoje o dia de Fernando de Bulhões, mais conhecido como Santo Antônio. Um dos santos mais populares do Brasil, também é conhecido por ser o padroeiro dos pobres e ser o santo casamenteiro. Salve Santo Antônio e os casamentos concedidos a seus devotos. A comemoração é a primeira das três festividades dedicadas aos santos no mês de junho. Festas que motivam as festas juninas, tradicionais em todo o país.

Isabella Taviani - Diga sim pra mim


Marisa Monte - O bonde do dom


Vanessa da Mata - Case-se comigo


Legião Urbana - O descobrimento do Brasil

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Momento Confúcio

"Aja antes de falar e, portanto, fale de acordo com os seus atos"

"Até que o sol não brilhe, acendamos uma vela na escuridão."

"Quando vires um homem bom, tenta imitá-lo; quando vires um homem mau, examina-te a ti mesmo."

"Não corrigir nossas faltas é o mesmo que cometer novos erros."

"Saber o que é correto e não o fazer é falta de coragem."

"Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha."

"Não são as ervas más que afogam a boa semente, e sim a negligência do lavrador."

"A preguiça caminha tão devagar, que a pobreza não tem dificuldade em a alcançar."

"O que sabemos, saber que o sabemos. Aquilo que não sabemos, saber que não o sabemos: eis o verdadeiro saber."

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Momento Alice Ruiz

"A gente jamais imagina a vida por trás da página."

"Tua mão no meu seio. Sim não. Não sim. Não é assim que se mede um coração.

"
Nada como a noite. Escurece, e tudo se esclarece."

"
O relógio marca 48 horas sem te ver. Sei lá quantas para te esquecer."

"
Tudo começa do mesmo jeito diferente."

"
Estar ainda viva, que assim a vida não te esquece."

"
Fora de mim. Imagino na paisagem a imagem do que fui."

"
Casa com telhado para afastar passarinho não vira ninho."

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Sexo, drogas e Legião

A tríade, sexo drogas e rock'n roll é uma antiga combinação. Pesada para alguns, mas trivial para uma grande maioria. Atualmente a trilha não é necessariamente o bom e velho som das guitarras. Outras vertentes do ritmo, ou primas e parentes distantes (de estilos totalmente diferentes) substituem o rock.

Mas pra mim a combinação original ainda é a melhor opção. Mais viciante e instigante. Que beleza terminar tudo e sentir-se aliviado. A sensação de que você pôs pra fora algo que incomodava. Acho que isso dá um duplo, ou até triplo sentido pra coisa. Tudo bem, a intenção é mesmo essa.

Sexo, pra relaxar. Pra saciar a necessidade, o instinto animal. Quando o faro capta a oportunidade, logo o organismo se prepara, se predispõe para o coito, o ato final. Sim, libido em altas dosagens. Freud já explicou o ser humano e suas motivações por conta da libido, comigo não funciona diferente não. Sexo é pra se ter prazer, pra ser sacana e sujo. Sexo com pudor e com frescuras... é melhor se trancar no banheiro e resolver sozinho.

Drogas, pra imaginar. Pra cabeça se distrair do mundo real. Às vezes é foda o peso do mundo e o stress do dia-a-dia. Mas eu prefiro o envolvimento com drogas lícitas. Elas já conseguem dar conta do serviço e não preciso "viajar" tanto pra me sentir bem. Tudo devidamente ingerido em bons goles gelados. Álcool é bom que também atiça. Mexe com a libido e deixa as coisas ainda melhores.

Legião, pra pensar. Pra lembrar de tudo e pensar na vida feito um condenado que não tem mais nada pra fazer do que pensar, pensar e pensar. As drogas, ingeridas antes e durante, controlam isso. Não deixam a realidade ser demais e o som da Legião não deixa que me distraia tanto. Lembrar dos erros, dos acertos, momentos bons e ruins e pensar que o futuro pode ser ainda melhor. Ah!, quantas lembranças vividas a cada estrofe cantada pelo Renato. Acho que fomos amigos e ele sabia tudo o que se passava na minha vida (na minha e na de tantos outros fãs).

Mas a noite de ontem foi ótima. A combinação perfeita e ainda me inspirei para páginas e mais páginas nos meus cadernos. Quando a cabeça se acomodou no travesseiro, o sorriso cresceu no rosto e os olhos se fecharam tranquilos. Boa noite vini. Boa noite!

Legião Urbana - Só por hoje

Recomeçar

Odeio meus sonhos que acontecem, meus textos que, quando vou ler dias depois, falam das coisas que estou vivendo naquele momento de leitura. Não! Não tenho poderes nem dons premonitórios, mas às vezes coincidências existem.

Dessa vez foi o sonho que acertou, na mosca. Mesmo não sendo pra mim, mas me deixando no olho do furacão. O que eu faço? Esperar que os envolvidos resolvam a situação e que eu possa ajudar de alguma maneira.

Enquanto isso vou me envolvendo nos problemas alheios. Também vou me consumindo e me sentindo parte disso (e talvez seja mesmo, ou apenas queira ser). No fundo acho que mergulho demais em mares revoltos e que não estão bons para que eu navegue.

Como dizia Chico Xavier, "Embora ninguém possa voltar a trás e fazer um novo começo, qualquer um pode recomeçar a fazer um novo fim". Sim, dá pra ser feliz, dá pra viver, mas antes é preciso que os tais pingos sejam colocados nos "is". Depende de cada um e de cada gesto.

Mas dessa vez não posso ir além, antes que me autorizem, antes que receba a carta branca. Por amar demais os envolvidos e não poder tomar partido. Sei quem errou, quem acertou, quem é vilão e mocinho, mas também sei que não é uma briga minha.

Tenho necessidade de ouvir. Tenho vício por tentar de alguma forma aliviar qualquer sofrimento. Tentar ser apoio ou suporte quando algo não vai bem. Não sei se consigo sempre, mas todas as vezes tento até o fim fazer o melhor.

Frejat - Amor pra recomeçar

terça-feira, 8 de junho de 2010

Momento Mahatma Gandhi

"O mundo está farto de ódio."

"A não-violência absoluta é a ausência absoluta de danos provocados a todo o ser vivo. A não-violência, na sua forma ativa, é uma boa disposição para tudo o que vive. É o amor na sua perfeição."

"Nas questões de consciência a lei da maioria não conta."

"Não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho."

"Há riqueza bastante no mundo para as necessidades do homem, mas não para a sua ambição."

"O futuro dependerá daquilo que fazemos no presente."

"Eu seria cristão, sem dúvida, se os cristãos o fossem vinte e quatro horas por dia."

"Eu sou contra a violência porque parece fazer bem, mas o bem só é temporário; o mal que faz é que é permanente."

"Uma vida sem religião é como um barco sem leme."

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Clássico é clássico!

O que antes foi sucesso com Jorge Ben Jor e Caetano Veloso, hoje é revisitado pelo Moinho. Mais um clássico que permanece sendo sucesso e renovando seu público.

Moinho - Ive Brussel

Momento Carlos Heitor Cony

Garoto das meias vermelhas
(Carlos Heitor Cony)

Ele era um garoto triste. Procurava estudar muito. Na hora do recreio ficava afastado dos colegas, como se estivesse procurando alguma coisa. Todos os outros meninos zombavam dele, por causa das suas meias vermelhas. Um dia, o cercaram e lhe perguntaram porque ele só usava meias vermelhas. Ele falou, com simplicidade: "no ano passado, quando fiz aniversário, minha mãe me levou ao circo. Colocou em mim essas meias vermelhas. Eu reclamei. Comecei a chorar. Disse que todo mundo iria rir de mim, por causa das meias vermelhas. Mas ela disse que tinha um motivo muito forte para me colocar as meias vermelhas. Disse que se eu me perdesse, bastaria ela olhar para o chão e quando visse um menino de meias vermelhas, saberia que o filho era dela."

"Ora", disseram os garotos. "mas você não está num circo. Por que não tira essas meias vermelhas e as joga fora?" O menino das meias vermelhas olhou para os próprios pés, talvez para disfarçar o olhar lacrimoso e explicou: "é que a minha mãe abandonou a nossa casa e foi embora. Por isso eu continuo usando essas meias vermelhas. Quando ela passar por mim, em qualquer lugar em que eu esteja, ela vai me encontrar e me levará com ela."

Muitas almas existem, na Terra, solitárias e tristes, chorando um amor que se foi. Colocam meias vermelhas, na expectativa de que alguém as identifique, em meio à multidão, e as leve para a intimidade do próprio coração. São crianças, cujos pais as deixaram, um dia, em braços alheios, enquanto eles mesmos se lançaram à procura de tesouros, nem sempre reais. Lesadas em sua afetividade, vivem cada dia à espera do retorno dos amores, ou de alguém que lhes chegue e as aconchegue. Têm sede de carinho e fome de afeto. Trazem o olhar triste de quem se encontra sozinho e anseia por ternura.

São idosos recolhidos a lares e asilos, às dezenas. Ficam sentados em suas cadeiras, tomando sol, as pernas estendidas, aguardando que alguém identifique as meias vermelhas. Aguardam gestos de carinho, atenções pequenas. Marcam no calendário, para não se perderem, a data da próxima visita, do aniversário, da festividade especial. Aguardam...

São homens e mulheres que se levantam todos os dias, saem de casa, andam pelas ruas, sempre à espera de alguém que partiu, retorne. Que o filho que tomou o rumo do mundo e não mais escreveu, nem deu notícia alguma, volte ao lar. São namorados, noivos, esposos que viram o outro sair de casa, um dia, e esperam o retorno. Almas solitárias. Lesadas na afetividade. Carentes.

Pense nisso! O amor, sem dúvida, é lei da vida. Ninguém no mundo pode medir a resistência de um coração quando abandonado por outro. E nem pode aquilatar da qualidade das reações que virão daqueles que emurchecem aos poucos, na dor da afeição incompreendida. Todos devemos respeito uns aos outros. Somos responsáveis pelos que cativamos ou nos confiam seus corações. Se alguém estiver usando meias vermelhas, por nossa causa, pensemos se esse não é o momento de recompor o que se encontra destroçado, trabalhando a terra do nosso coração. A maior de todas as artes é a arte de viver juntos.

domingo, 6 de junho de 2010

Dia santo

Domingo, dia do descanço, dia para se dedicar a Deus. Mas quem é Ele? Por onde andaria ser divino e tão poderoso, criador de tudo? Será que Ele também descansa e vai a algum templo no sétimo dia?

Deus. Buda. Vishnu. Brahma. Shiva. Zeus. Alá. Jesus Cristo. Quantas entidades divinas recebem e merecem adoração todos os dias? Qual se torna maior ou melhor do que a outra? Quem tem a razão? Quem é verdadeiramente um deus bondoso e real?

Quis tentar enxergar todas as diferenças entre eles, mas no fim percebi que isso é impossível. É um erro olhar religiões e seus conceitos tentanto, pelas diferenças, fazer comparações de melhor, pior ou igual.

No final, a grande meta e busca de cada um desses deuses é o bem. E talvez esse seja o conceito de divindade, o bem maior pra todos. Acho que Deus, Zeus, Buda e tantos outros são um mesmo Deus, tão bondoso que se mostra de várias formas para que seus fiéis possam adorá-lo cada um à sua maneira.

Se cada Deus resolvesse condenar o fiel do concorrente por não seguí-lo, a batalha seria sangrenta, não? Pode até ser que Deus não exista. Pode ser que Deus seja tudo, todo o mundo, todo o restante. Um deus vegetal, animal, mineral e espiritual ao mesmo tempo, em todos os lugares, dentro de todos os templos e acompanhando aqueles que não acreditam em deus nenhum.

Deus pode ser tudo o que dizem e pode mesmo ter vindo, sendo um e três ao mesmo tempo. Pode ser, mas é preciso antes de mais nada acreditar. Acreditar que o outro, em especial aquele que temos rancor e mágoa, também é um importante pedaço do nosso Deus.

Joan Osborne - One of us

sábado, 5 de junho de 2010

Momento Antônio Vieira

"O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive".

"Não basta que as coisas que se dizem sejam grandes, se quem as diz não é grande. Por isso os ditos que alegamos se chamam autoridade, por que o autor é o que lhe dá o crédito e lhe concilia o respeito".

"Amor e ódio são os dois mais poderosos afetos da vontade humana".

"Muitos cuidam da reputação, mas não da consciência".

"Quem quer mais que lhe convém, perde o que quer e o que tem".

"A ausência é o remédio do amor".

"O bem ou é presente, ou passado, ou futuro: se é presente, causa gosto; se é passado, causa saudade; se é futuro, causa desejo".

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Momento Paulo Francis

"A ignorância é a maior multinacional do mundo."

"
Dizem que ofendo as pessoas. É um erro. Trato as pessoas como adultas. Critico-as. É tão incumum isso na nossa imprensa que as pessoas acham que é ofensa. Crítica não é raiva. É crítica. Às vezes é estúpida. O leitor que julgue. Acho que quem ofende os outros é o jornalismo em cima do muro, que não quer contestar coisa alguma. Meu tom às vezes é sarcástico. Pode ser desagradável. Mas é, insisto, uma forma de respeito, ou, até, se quiserem, a irritação do amante rejeitado."

"Não levo ninguém a sério o bastante para odiá-lo."

"Gosto que me leiam e saibam o que acho das coisas. É uma forma de existir. Trabalho é a melhor maneira de escapar da realidade."

"Quem não lê, não pensa, e quem não pensa será para sempre um servo."

"Qualquer pessoa inteligente é contraditória"

terça-feira, 1 de junho de 2010

Erros

Sentados ali naquela lanchonete me lembrei de tantas coisas boas que quase perdi a hora e o ônibus pra casa. Rimos, falei minhas bobagens, usei das minhas tiradas e sacadas rápidas enquanto comíamos e fazíamos daquele momento um encontro sagrado.

Reparando nas duas, lindas e loiras como sempre, sorri e me vi feliz por estar rodeado por grandes pessoas. Uma família especial, amigos que me querem bem, amores intensos e belos... perfeito! De repente lembrei dos erros, nenhuma dessas pessoas era perfeita. Que bom, isso foi um alívio.

Também imperfeito, percebi que sou rodeado de seres humanos. Gente que sofre, que ri, que sente dor, medo, frio e vontade de fazer alguma besteira. Me vi na mesma situação. Fazendo burradas, acertando, vacilando, mas em movimento e em busca de fazer o melhor.

Que bom que me reconheci nos erros. Me fez lembrar que é sempre mais fácil apontar o dedo do que bater no peito e reconhecer onde se enganou. Pedir perdão ou aceitar o perdão. Como é complicado desculpar ou perdoar algum engano que foi cometido contra a gente.

E olha que me fizeram "enganos" cruéis. Sem lamentações, sem "vitimismos" e sem dramas. Tudo resolvido quando a gente puder entender que enquanto formos humanos vamos ter de lidar com os tais erros alheios (e os pessoais também).

O esforço diário é o de errar menos, por mais humano que isso seja. O excesso ou a constância de erros nos torna desumanos demais. E isso sim, é um erro imperdoável.

Legião Urbana - Eu sei