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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

2012, o ano do amor

De 2012 só me recordo do amor. Tive ao meu lado um grande amor, principalmente quando perdi meu amor maior (minha mãe). Por isso só posso falar que esse foi um ano de amor. Amor em todos os tons, sons, gostos, texturas, aromas, calores, tamanhos e intensidades.

Mas se perdi minha mãe, como pode ter sido um ano de amor? Por todo o amor que recebi de volta. De quem esteve ao meu lado todos os dias, dando amor, compartilhando os choros e o colo aconchegante e seguro pra me refugiar; dos meus amigos que me consolaram e ajudaram; da minha família e principalmente do meu pai ao aprendermos a nos amar ainda mais. Pode parecer ridículo, mas também recebi de minha mãe. Sua partida deixou um universo de amor dentro de todos os que a amavam.

Termino o ano com uma lista de tristezas e perdas, mas outra de alegrias e realizações também. Nada irá substituir as ausências (em especial da minha mãe), mas devemos viver um dia por vez. Amanhã nascerá outro Sol, outro dia, outro mês, outro ano, outra chance de ser feliz mais uma vez.

Ultimamente não tenho estado na minha melhor condição mental e espiritual, por isso não vou me alongar no último post do ano. Não tenho muitas expectativas para 2013. Espero que seja um ano de saúde e paz. Que tenhamos coragem e força pra enfrentar o que está por vir e fé para não desistir.

Feliz 2013!

Maria Bethânia - Tocando em Frente

sábado, 29 de dezembro de 2012

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

E a vida continua...

Véspera de Natal, mas não será tão fácil e alegre comemorar por aqui. O dia amanhece dando sinais de que será triste e arrastado. Se fosse um outro feriado santo talvez seria uma sexta-feira da paixão. Mais do que presente em sua ausência, minha mãe tem estado em sonhos comigo. Não que sonhar seja ruim, o problema sempre esteve em acordar.

E despertar em datas assim, tão familiares, piora tudo e fica fimpossível não se lembrar dela. A imagino na cozinha preparando pratos para a ceia, ligando para as minhas tias, para a minha avó e me acordando para irmos comprar presentes e a batata palha, que sempre faltava.
Mas hoje não será assim... e preciso me acostumar. 


Não bastando minha dor, a ceia de hoje também será de luto para meus primos. Três meses antes da perda da minha mãe, eles perderam seu pai. Seremos quatro órfãos (eu, meu irmão e meus dois primos), dois viúvos (meu pai e minha tia) e meus avós chorando a perda de uma nora e um genro. Não teríamos ceia, mas apesar dos pesares celebraremos pelos que ainda estão aqui. Uma difícil e insuportável lição da vida, ela continua e não para por caprichos ou lutos de quem quer que seja.

Quero que cada um que ler isso entenda o dia de hoje como uma data para agradecer e se comemorar a vida, celebrar a família, os amores e principalmente se alegrar pela presença de cada um dos seus ao nosso lado. A mãe coruja, o tio chato, a cunhada bonita, o sobrinho levado, a namorada ciumenta, o irmão preguiçoso, a tia nojenta, o primo engraçado, o noivo esquecido, a avó religiosa, o avô animado...

A vida é tão curta. Leva quem amamos e nos deixa com a triste sensação de que devíamos e podíamos ter feito muito mais. Ter amado, vivido, dito uma centena de coisas, ter feito declarações de amor, ter deixado de lado as discussões e ter perdoado. Minha mãe se foi, mas o amor ficou aqui nos enfeites da casa, na saudade doída e nas boas lembranças que por vezes nos faz chorar, nos faz sorrir e esquecer que temos uma vida pela frente.


Não digo que seja fácil. A cada dia parece que piora, que a dor aumenta. Existe dentro de mim uma louca certeza de que minha mãe vai chegar de viagem a qualquer momento, mas infelizmente não vai ser assim. Se alguém também vive um luto, lembre-se que, mesmo nas tristezas e nos sofrimentos, não somos desamparados nem esquecidos por Deus. Por mais que algumas vezes a gente pense que Ele nos abandonou.

Feliz Natal!
Muita paz e luz pra todos nós.


Mart'nália - Benditas

sábado, 22 de dezembro de 2012

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Último post!?

Uma lista grande de coisas vêm me acontecendo desde o fim de Setembro. Tudo de ruim resolveu passar por mim e tirar um sarro do meu juízo. Perdas, derrotas, fracassos, tristezas, mágoas... que algumas vezes no meu dia não sei em qual delas pensar primeiro. É claro que o dia começa pelas ausências e pelo coração disparado, pensando em mais um dia vazio pela frente. O restante vem chegando conforme as horas passam e as atividades rotineiras vão nos lembrando de tudo o que nos falta.

Minha vida ainda não parou. Continua a saculejar pra lá e pra cá, revirando tudo e por vezes nem me dando tempo de respirar. Dizer sim no automático e depois me questionar, esquecer quase tudo que me dizem ou que deveria lembrar, lembrar da morte da minha mãe e surtar, dormir mal, passar um dia não tão melhor assim, não ter vontade de fazer nada, tomar remédios para tentar ficar sóbrio diante da vida e ainda me olhar no espelho e não me reconhecer.

Acho que a lição da temporada 2012 do seriado da minha vida tem a ver com sanidade mental, ou maturidade sentimental. Paciência, amor, saudade, raiva e tristeza nunca foram tão bem compreendidos e bem sentidos por mim (nos seus significados mais plenos). Hoje tento domá-los e dosá-los, mas na melhor das hipóteses tenho apenas conseguido perceber quão grandes e intensos são cada um desses sentimentos. Quão pequeno sou diante da destruição que esse furacão de sensações causa em minha vida.

O exercício diário de paciência tem sido uma lição na qual ando errando muito. A irritação exagerada por coisas tão medíocres que antes passariam por mim como pequenos divertimentos diários, mas que hoje parecem ofensas cruéis. Ou mesmo a vivência do amor em suas mais variadas vertentes, que me alimenta e me fortalece a cada novo dia. Amor companheiro, amor amigo, amor familiar e o amor paternal. Como é perturbador viver tantas coisas que se tornaram incontroláveis, enquanto também se vive outras tantas surpreendentes.

Por causa dessa inconstância, temo enlouquecer antes que termine cada novo dia. Em casa a ausência materna é tão presente que fere e acaba com tudo. A cachorra que passou dias sem comer, a TV que ninguém assiste, o marido que se escorou pelas paredes para não cair, a planta que morreu, o rádio que se calou, a mãe que quer morrer pra acompanhar a filha, a neta baleada, a sogra que não para de chorar e um filho quase a perder a fé em Deus.

Não sou nenhum doente terminal morrendo e sentindo dores que não passam mesmo medicadas. Não perdi tudo e todos de maneira violenta. Não estou a ver meus filhos morrerem de fome. Posso listar algumas dezenas de situações piores do que a minha, mas ninguém poderá dizer que não existe tanto sofrimento no que venho passando. Como já ouvi tantas vezes: Cada um sabe onde o calo aperta. E o meu calo aperta no peito, bem forte e pesado.

Falei tanto sobre a saudade aqui no blog, mas foi presunção minha pensar que a conhecia, ou que a havia sentido. Saudade não é falta, não é ausência, não é tristeza e não são lembranças. Saudade é tudo isso, duas vezes maior e pior. É uma dor fela da puta que não pára, aumenta, dilacera, queima, lateja e apenas nos adormece por alguns minutos em nosso dia para voltar maior no dia seguinte. Saudade é a dor da certeza de que você jamais terá aquilo de volta.

Há dias venho remoendo o fim do blog. Como um ruminante, guardo a ideia num canto qualquer e sempre que posso trago à tona para mastigar e tentar digerir. Por quê faria isso? Falta de leitores, falta de criatividade, falta de inspiração, falta de ânimo, falta de tesão... Não faltam motivos para encerrar meus devanios virtuais. Minha cabeça nunca esteve tão sobrecarregada como agora e minha alma nunca se sentiu tão pesada.

Esse texto, por exemplo, é, disparado, um dos piores postados aqui. Ele não segue uma linha de raciocínio e apenas traz um monte de informações jogadas ao acaso num desabafo de ideias e frustações. Os tempos de inspiração e textos "legíveis" se foram.

A impressão é de que o que ficou por aqui foi sofrimento, que traz impaciência, alimenta a raiva, motiva um choro, dói a cabeça, piora a gastrite e volta na saudade, que gera mais sofrimento, trazendo mais impaciência, alimentando outra vez a raiva, motivando novos choros, doendo a cabeça, atacando a gastrite e enlouquecendo enquanto se sente mais saudade, mais sofrimento, mais impaciência... mais solidão.

Zeca Baleiro e Margareth Menezes - Último post