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domingo, 5 de julho de 2015

O Amor no Colo

Fabrício Carpinejar

A dor não pede compreensão, pede respeito. Não abandonar a cadeira, ficar sentado na posição em que ela é mais aguda.

Vejo homens que não têm coragem de terminar o relacionamento. Que não esclarecem que acabou. Que deixam que os outros entendam o que desejam entender. Que preferem fugir do barraco e do abraço esmurrado. Saem de mansinho, explicando que é melhor assim: não falar nada, não explicar, acontece com todo mundo.

Encostam a porta de sua casa (não trancam) e partem para outra vida.

Não é melhor assim. Não tem como abafar os ruídos do choro. O corpo não é um travesseiro. Seca com os soluços.

Não é melhor assim. Haverá gritos, disputa, danos. É como beber um remédio, sem empurrar a colher para longe ou moldar cara feia. É engolir o gosto ruim da boca, agüentar o desgosto da falta do beijo.

Será idiota recitar Vinicius de Moraes: “que seja infinito enquanto dure”. A despedida não é lugar para poesia.

Haverá uma estranha compaixão pelo passado, a língua recolhendo as lágrimas, o rosto pelo avesso. Haverá sua mulher batendo em seu peito, perguntando: “Por que fez isso comigo?”

Haverá a indignação como última esperança.

Haverá a hesitação entre consolar e brigar, entre devolver o corte e amparar.

Vejo homens que somente encontram força para seduzir uma mulher, não para se distanciar dela.

Para iniciar uma história, não têm medo, não têm receio de falar.

Para encerrar, são evasivos, oblíquos, falsos. Mandam mensageiros.

Não recolhem seus pertences na hora. Voltarão um novo dia para buscar suas coisas.

Não toleram resolver o desespero e datar as lembranças. Guardam a risada histérica para o domingo longe dali.

Mas estar ali é o que o homem precisa. Não virar as costas. Fechar uma história é manter a dignidade de um rosto levantado, ouvindo o que não se quer escutar. Espantado com o que se tornou para aquela mulher que amava. Porque aquilo que ela diz também é verdade. Mesmo que seja desonesto.

Desgraçadamente, há mais desertores do que homens no mundo.

Deveriam olhar fora de si. Observar, por exemplo, a dor de uma mãe que perde seu filho no parto.

O médico colocará o filho morto no colo materno. É cruel e – ao mesmo tempo – necessário. Para que compreenda que ele morreu. Para que ela o veja e desista de procurá-lo. Para que ela perceba que os nove meses não foram invenção, que a gestação não foi loucura. Que o pequeno realmente existiu, que as contrações realmente existiram, que ela tentou trazê-lo à tona. Que possa se afastar da promessa de uma vida, imaginar seu cheiro e batizar seu rosto por um instante.

Descobrir a insuportável e delicada memória que teve um fim, não um final feliz. Ainda que a dor arrebente, ainda é melhor assim.


quarta-feira, 1 de julho de 2015

Partidas

O jovem cantor sertanejo comoveu milhões com sua morte prematura, causada por um acidente de carro. Mas hoje relato a perda de uma jovem que, simplesmente, "adormeceu" no último fim de semana.

É sempre estranho ver gente jovem demais, alegre demais, boa demais morrer. Como se a morte precisasse de desculpas ou critérios para fazer valer.

Por que não nos acostumamos com isso?

Taí uma coisa pra qual nem sempre somos preparados. Morrer, diferente do nascer, não tem gestação. Diferente da vida, ela não precisa de nada para acontecer.

Enquanto não sabemos lidar, aceitar ou entender que a morte faz parte da vida, que possamos ao menos ser reconfortados pela lembrança e os bons momentos.

Surpreende ver vidas que se vão no auge, no ápice. Mas talvez seja melhor despedir-se estando pleno. "Morrer estando vivo!", como li certa vez. 

Vibrações - Ela Partiu

Confiança é Respeito

Sobre relacionamentos a distância? Confiança!

Mas você não sabe se a outra pessoa está te traindo! O importante é  que não estou enganando, ou sacaneando o outro. 

Ouvi, certa vez, em uma palestra espírita, que em um relacionamento não é o que o outro faz que importa, mas sim o que eu faço. 

Não podemos ter controle sobre as atitudes do outro, só podemos controlar aquilo que fazemos. É com isso que devemos nos preocupar. Respondemos pelos nosso atos, cada um responde pelos seus atos. 

Se a certeza do erro do outro (mentira, traição e etc) não justifica que eu também cometa erros, não será a incerteza que legitimará. 

Permanecer ou não na relação é outro questionamento. Mas a maneira correta de se agir (longe ou perto) é inquestionável: confiança e/é respeito.
Nenhum de Nós - Confiança