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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Momento Divaldo Franco


Se alguém pretende magoá-lo, e você não aceita a ofensa, ele não o conseguirá, por mais o tente.
Se outrem enunciou cruel calúnia para desmoralizá-lo, e ele mente, como é óbvio, você prosseguirá como antes.
Se alguma pessoa de temperamento áspero não simpatiza com você, e a sua é uma atitude de compreensão, de forma alguma você será afetado pelas suas vibrações negativas.
Se um amigo de largo tempo desertou da sua companhia, acusando-o injustamente, e você se encontra com a consciência tranquila, não prosseguirá a sós.
Se você foi acusado por perversidade ou inveja de alguém, e se permanece consciente da sua honorabilidade, nada mudará em sua vida.
Se você se vê a braços com inimigos ferrenhos, mas não revida o mal que lhe desejam, conseguirá expressiva vitória na sua marcha ascensional.
Se apupado e desrespeitado, você percebe que o fazem por despeito e sentimentos inferiores, não se detendo na torpe situação, você é um vencedor.
Se algumas criaturas demonstram desagrado ante a sua presença, e você consegue desculpá-las, a sua é a postura adequada.

* * *

Nunca tome para você as agressões dos outros, mesmo quando citado nominalmente.
A grande maioria dos indivíduos vê o seu próximo mediante a projeção dos próprios conflitos, e nem sequer dão-se conta da insensatez que os domina.
É fácil identificar nos outros ou transferir as próprias torpezas e insânias, raramente os tesouros das virtudes que escasseiam.
Mantenha-se em paz, não se considerando tão importante, que seja sempre motivo da agressão e da maldade dos outros.
Sempre haverá opositores e vítimas na sociedade.
Que você seja a tranquilidade de consciência a serviço do Bem libertador.
Se você assim proceder, o mal dos outros nunca lhe fará mal, mas o seu bem a todos fará muito bem.

(do espírito Marco Prisco, psicografado por Divaldo Franco)

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Adeus - II

Meu corpo estava cansado ao extremo, emocional e psicologicamente pela perda de minha mãe e fisicamente pela noite em claro no aeroporto do Rio Grande do Norte e as pouco mais de duas horas de viagem. Um banho longo, um suco, uma fruta e estava "pronto" para seguir para o cemitério.

Não sei o que havia naquele dia. Se Sol, se chuva... de alguma forma cheguei lá e apenas recebi abraços e palavras de inúmeros amigos e familiares.Tantos rostos e vozes conhecidas e queridas apareceram naquele e nos dias seguintes. Por mais triste que fossem aqueles momentos, o alento daqueles que nos querem bem sempre será um conforto ao coração.

Amigos de longa data de minha mãe também vieram. Estiveram ali para se despedir. Não a vi, quis lembrar-me da última vez em que me despedi e viajei. Minha despedida foi 11 dias antes, mas dias depois do velório nada daquilo parecia ser verdade. Ainda tenho a certeza, mesmo hoje, que daqui dias ou horas ela voltará de alguma viagem.

Uma vizinha e amiga de minha mãe prestou ainda uma última homenagem. Durante o sepultamento puxou uma canção que ouvi algumas dezenas de vezes minha mãe cantarolar. Todos acompanharam, choraram e entenderam que aquilo que cantavam narrava a vida daquela de quem se despediam. Uma vida vivida sem vergonha de ser quem se era, de ser feliz...

Gonzaguinha - O que é, o que é

Eu fico
Com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita...

Viver!
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz...


Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita...

E a vida!
E a vida o que é?
Diga lá, meu irmão
Ela é a batida
De um coração
Ela é uma doce ilusão

E a vida
Ela é maravilha
Ou é sofrimento?
Ela é alegria
Ou lamento?
O que é? O que é?
Meu irmão...

Há quem fale
Que a vida da gente
É um nada no mundo
É uma gota, é um tempo
Que nem dá um segundo...

Há quem fale
Que é um divino
Mistério profundo
É o sopro do criador
Numa atitude repleta de amor...

Você diz que é luta e prazer
Ele diz que a vida é viver
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é
E o verbo é sofrer...

Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé
Somos nós que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou quiser...

Sempre desejada
Por mais que esteja errada
Ninguém quer a morte
Só saúde e sorte...

E a pergunta roda
E a cabeça agita
Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita...

Momento Chico Xavier


sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Adeus - I

Enquanto na TV homenagens eram prestadas a uma falecida apresentadora, cantora e atriz, eu já me encontrava triste sem saber ao menos o motivo. Coloquei minha mala sobre a cama e a fiz para voltar. Mesmo que ainda faltasse tanto tempo para retornar, quis (sem saber o motivo) deixar tudo pronto para minha volta.

Na rua, comprei a lembrança que faltava. Um quadro retratando a santa ceia, algo que minha mãe sonhara por tantos meses. Enfim, achei um que lhe agradaria. Peguei o celular para avisá-la, mas hesitei no último segundo. Que tal fazer uma surpresa? Desliguei e fui dar um passeio noturno à beira-mar, um último brinde e depois descansar. Ainda assim algo parecia estranho desde o sábado pela manhã.

O telefone toca, minha mãe!? Pelo adiantado da hora achei estranho, mas o que poderia ter acontecido? Com certeza ela me perguntaria sobre algo relativo à viagem e se alguém iria me buscar do aeroporto. Atendi brincando e perguntando o quê ela queria. Do outro lado meu irmão aos prantos me pergunta onde estou, me pede pra ser forte e avisa que nossa mãe havia desencarnado...

Não me lembro bem o que aconteceu depois disso. Com muita dificuldade e passado algum tempo cheguei ao hotel aos prantos, sentei na cama e rezei pela alma da minha mãe. Minutos depois enviei duas ou três mensagens e recebi dezenas de telefonemas e mensagens.

Outra vez minha memória falha e agora já estou a caminho do aeroporto. Perto da meia noite alguém me liga, mais choro, mais inércia, mais nada. Uma noite sentado, sob um ar condicionado me congelando e eu tremendo de medo. Não queria voltar, mas também sabia que fazia parte da vida enterrar meus mortos.

Já de volta à Brasília, meus primos me esperavam. Choramos, nos abraçamos e eu ainda parecia estar dormindo. Esperava acordar ou ver ao chegar sorrindo e me dizer que tudo não passou de uma brincadeira. Até agora estou esperando.

Em casa outra sessão de choros a cada novo abraço e desejo de me reconfortar. Me vi tentando reconfortar tantos, a começar pelos meus avós e pelo meu irmão deitado em minha cama, dopado pelos remédios de tarja preta e como se quisesse meu perdão, jurou ter feito de tudo para salvá-la.

A casa revirada e suja descrevia toda a tragédia ocorrida ali horas atrás. Talvez depois de tudo isso, meu pai tenha descreditado ainda mais que Deus possa existir. Não que ele precisasse de novos argumentos, isso ele têm de sobra, mas talvez agora ele tivesse motivos reais para descrer. Ao me ver, veio emocionado me abraçar. Não sei ao certo se foi eu quem o acalmou, ou se ele me deixou nervoso.

Não houveram despedidas, tudo repentino como ela queria que fosse sua partida. Mas tenho a certeza que nem mesmo ela queria que fosse tão doloroso para todos nós. Agora seríamos apenas nós dois (eu e meu pai) e toda falta que minha mãe deixou. Terceiro elemento que se faz muito mais presente e preenchedor de espaços dentro dos nossos dias daqui por diante.

Alcione e Maria Bethânia - Sem Mais Adeus