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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Rios de lama, sangue e janeiros

Quando era chuva tudo foi lavado. Levado morro abaixo entre lama e lamentos. Havia ali um rio. Um não, vários. Rios e mais rios indo de encontro ao mar, revoltos, banhando uma população revoltada com o descaso. Mas passou, mar acalmou, rios secaram, pessoas morreram e a paisagem se reestabeleceu.

Quando era Sol tudo foi arrastado. Sem lama, a lama de terra. Agora a sujeira era (de novo) da violência. Hotéis invadidos por homens armados. Bandidos assaltando e levando tudo por onde passavam. Crianças transformaram-se em alvos fáceis para balas já não tão perdidas, a munição disparada havia encontrado onde ferir.

Agora há um rio de sangue. Escorrendo pelas calçadas, sumindo pelos esgotos. Esgotos mais limpos que a cidade sem-lei, sem dono. Já não existe mais Rio, mar, Redendor, açúcar, ou pão. Já não se pode ter medo. Se pode apenas ter dinheiro para sobreviver. Blindar casas, carros, sonhos e talvez os filhos. Quem puder (sobre)viverá na cidade "maravilhosa".

Acabou a inspiração dos poetas. Os morros já não cantam o samba como antes. A lagoa poluída morre aos poucos e ninguém percebeu que o Rio não continua lindo. Continua apenas indo, sabe-se lá por onde. Morro abaixo, quem sabe?

Planet Hemp - Zerovinteum

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