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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Último post!?

Uma lista grande de coisas vêm me acontecendo desde o fim de Setembro. Tudo de ruim resolveu passar por mim e tirar um sarro do meu juízo. Perdas, derrotas, fracassos, tristezas, mágoas... que algumas vezes no meu dia não sei em qual delas pensar primeiro. É claro que o dia começa pelas ausências e pelo coração disparado, pensando em mais um dia vazio pela frente. O restante vem chegando conforme as horas passam e as atividades rotineiras vão nos lembrando de tudo o que nos falta.

Minha vida ainda não parou. Continua a saculejar pra lá e pra cá, revirando tudo e por vezes nem me dando tempo de respirar. Dizer sim no automático e depois me questionar, esquecer quase tudo que me dizem ou que deveria lembrar, lembrar da morte da minha mãe e surtar, dormir mal, passar um dia não tão melhor assim, não ter vontade de fazer nada, tomar remédios para tentar ficar sóbrio diante da vida e ainda me olhar no espelho e não me reconhecer.

Acho que a lição da temporada 2012 do seriado da minha vida tem a ver com sanidade mental, ou maturidade sentimental. Paciência, amor, saudade, raiva e tristeza nunca foram tão bem compreendidos e bem sentidos por mim (nos seus significados mais plenos). Hoje tento domá-los e dosá-los, mas na melhor das hipóteses tenho apenas conseguido perceber quão grandes e intensos são cada um desses sentimentos. Quão pequeno sou diante da destruição que esse furacão de sensações causa em minha vida.

O exercício diário de paciência tem sido uma lição na qual ando errando muito. A irritação exagerada por coisas tão medíocres que antes passariam por mim como pequenos divertimentos diários, mas que hoje parecem ofensas cruéis. Ou mesmo a vivência do amor em suas mais variadas vertentes, que me alimenta e me fortalece a cada novo dia. Amor companheiro, amor amigo, amor familiar e o amor paternal. Como é perturbador viver tantas coisas que se tornaram incontroláveis, enquanto também se vive outras tantas surpreendentes.

Por causa dessa inconstância, temo enlouquecer antes que termine cada novo dia. Em casa a ausência materna é tão presente que fere e acaba com tudo. A cachorra que passou dias sem comer, a TV que ninguém assiste, o marido que se escorou pelas paredes para não cair, a planta que morreu, o rádio que se calou, a mãe que quer morrer pra acompanhar a filha, a neta baleada, a sogra que não para de chorar e um filho quase a perder a fé em Deus.

Não sou nenhum doente terminal morrendo e sentindo dores que não passam mesmo medicadas. Não perdi tudo e todos de maneira violenta. Não estou a ver meus filhos morrerem de fome. Posso listar algumas dezenas de situações piores do que a minha, mas ninguém poderá dizer que não existe tanto sofrimento no que venho passando. Como já ouvi tantas vezes: Cada um sabe onde o calo aperta. E o meu calo aperta no peito, bem forte e pesado.

Falei tanto sobre a saudade aqui no blog, mas foi presunção minha pensar que a conhecia, ou que a havia sentido. Saudade não é falta, não é ausência, não é tristeza e não são lembranças. Saudade é tudo isso, duas vezes maior e pior. É uma dor fela da puta que não pára, aumenta, dilacera, queima, lateja e apenas nos adormece por alguns minutos em nosso dia para voltar maior no dia seguinte. Saudade é a dor da certeza de que você jamais terá aquilo de volta.

Há dias venho remoendo o fim do blog. Como um ruminante, guardo a ideia num canto qualquer e sempre que posso trago à tona para mastigar e tentar digerir. Por quê faria isso? Falta de leitores, falta de criatividade, falta de inspiração, falta de ânimo, falta de tesão... Não faltam motivos para encerrar meus devanios virtuais. Minha cabeça nunca esteve tão sobrecarregada como agora e minha alma nunca se sentiu tão pesada.

Esse texto, por exemplo, é, disparado, um dos piores postados aqui. Ele não segue uma linha de raciocínio e apenas traz um monte de informações jogadas ao acaso num desabafo de ideias e frustações. Os tempos de inspiração e textos "legíveis" se foram.

A impressão é de que o que ficou por aqui foi sofrimento, que traz impaciência, alimenta a raiva, motiva um choro, dói a cabeça, piora a gastrite e volta na saudade, que gera mais sofrimento, trazendo mais impaciência, alimentando outra vez a raiva, motivando novos choros, doendo a cabeça, atacando a gastrite e enlouquecendo enquanto se sente mais saudade, mais sofrimento, mais impaciência... mais solidão.

Zeca Baleiro e Margareth Menezes - Último post

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