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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Adeus - II

Meu corpo estava cansado ao extremo, emocional e psicologicamente pela perda de minha mãe e fisicamente pela noite em claro no aeroporto do Rio Grande do Norte e as pouco mais de duas horas de viagem. Um banho longo, um suco, uma fruta e estava "pronto" para seguir para o cemitério.

Não sei o que havia naquele dia. Se Sol, se chuva... de alguma forma cheguei lá e apenas recebi abraços e palavras de inúmeros amigos e familiares.Tantos rostos e vozes conhecidas e queridas apareceram naquele e nos dias seguintes. Por mais triste que fossem aqueles momentos, o alento daqueles que nos querem bem sempre será um conforto ao coração.

Amigos de longa data de minha mãe também vieram. Estiveram ali para se despedir. Não a vi, quis lembrar-me da última vez em que me despedi e viajei. Minha despedida foi 11 dias antes, mas dias depois do velório nada daquilo parecia ser verdade. Ainda tenho a certeza, mesmo hoje, que daqui dias ou horas ela voltará de alguma viagem.

Uma vizinha e amiga de minha mãe prestou ainda uma última homenagem. Durante o sepultamento puxou uma canção que ouvi algumas dezenas de vezes minha mãe cantarolar. Todos acompanharam, choraram e entenderam que aquilo que cantavam narrava a vida daquela de quem se despediam. Uma vida vivida sem vergonha de ser quem se era, de ser feliz...

Gonzaguinha - O que é, o que é

Eu fico
Com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita...

Viver!
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz...


Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita...

E a vida!
E a vida o que é?
Diga lá, meu irmão
Ela é a batida
De um coração
Ela é uma doce ilusão

E a vida
Ela é maravilha
Ou é sofrimento?
Ela é alegria
Ou lamento?
O que é? O que é?
Meu irmão...

Há quem fale
Que a vida da gente
É um nada no mundo
É uma gota, é um tempo
Que nem dá um segundo...

Há quem fale
Que é um divino
Mistério profundo
É o sopro do criador
Numa atitude repleta de amor...

Você diz que é luta e prazer
Ele diz que a vida é viver
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é
E o verbo é sofrer...

Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé
Somos nós que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou quiser...

Sempre desejada
Por mais que esteja errada
Ninguém quer a morte
Só saúde e sorte...

E a pergunta roda
E a cabeça agita
Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita...

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Todo dia é dia de música popular brasileira - parte 4

Filha de uma família musical, Sandra de Sá é merecidamente coroada como a rainha do soul brasileiro. Cantora, compositora e atriz, Sandra se arrisca por onde seu talento a puder levar e até hoje fez bonito. Na década de 1980 era uma das poucas artistas negras que fez sucesso sem estar completamente inserida no universo do samba.

Cazuza e Sandra de Sá -Blues da Piedade


João Bosco faz parte da safra de grandes compositores gravados por Elis Regina, depois disso só lhe restou o sucesso e o reconhecimento por suas belas canções. João é autor de uma dezena de sucessos que ainda hoje acompanham o repertório de inúmeros artistas.

João Bosco - Papel machê


O samba já é por si próprio uma mistura de estilos, mas Marcelo D2 levou o ritmo aonde ninguém pensou levar. Misturou samba com hip hop e criou um estilo próprio, mudando para sempre o cenário musical tanto do samba, quanto do hip hop nacional. No meio de todas essas mudanças a música nacional agradece por mais uma criativa contribuição.

Marcelo D2 - Desabafo


A Bahia foi berço de inúmeros talentos de nossa música. Os Novos Baianos fazem parte de uma fértil "ninhada" baiana. O grupo formado por Pepeu Gomes, Baby Consuelo (ou Baby do Brasil), Moraes Moreira e Paulinho Boca de Cantor viveu por um bom tempo em uma comunidade, com o restante do grupo, fazendo música na maior paz e no amor. Até mesmo João Gilberto se rendeu aos conterrâneos e passou uma temporada com os (então) jovens músicos.

Novos Baianos - Brasil pandeiro


Zizi Possi é uma daquelas cantoras que une beleza e afinação em sua voz. A talentosa intérprete sempre trouxe um repertório impecável em cada álbum e show, inclusive sucessos de João Bosco. Além de tudo isso nos presenteou com uma bela filha que segue os caminhos da mãe e vem conquistando seu espaço dentro da MPB.

Zizi Possi e João Bosco- Dois pra lá, dois pra cá


Se para se tornar um astro fosse preciso ter uma biografia digna de roteiros de cinema, Herbert Vianna fez por merecer chegar onde chegou. O compositor não é dono da mais bela voz, mas é um dos maiores compositores e guitarristas de nosso país. Ao lado dos amigos João Barone e Bi Ribeiro destacou-se na década de 1980 á frente dos Paralamas do Sucesso. Ainda hoje a banda é referência para os jovens roqueiros no Brasil e em boa parte da América do Sul.

Os Paralamas do Sucesso - Aonde quer que eu vá


Alceu é um artista que contagia público, banda e quem mais estiver por perto. Dono de belas composições é um dos importantes representantes do nordeste na nossa MPB. Com seu sotaque e regionalismo trouxe as influências do forró e do frevo para nossa música popular. Abaixo o pernambucano divide os palcos com o grupo Forróçacana.

Alceu Valença e Forróçacana - Coração bobo


Com seu jeitinho manso, Martinho da Vila conquistou a Vila Isabel e o Brasil. O sambista pacato chega, devagar, devagarinho no ranking dos eternos do samba e da nossa música popular. Talvez hoje ele não tenha o reconhecimento merecido, mas ainda assim não perde o brilho de um talentoso compositor popular.

Martinho da Vila e Simone - Ex-amor


Gonzaguinha herdou do pai o talento musical. Filho do rei do baião, o artista demonstrou sua sensibilidade e genialidade através de suas composições. Todas as grandes intérpretes da nossa música se renderam ao seu talento e as suas belas canções.

Gonzaguinha - Pout-porri: Ponto de Interrogação/Grito de alerta/Diga lá Coração/Espere por mim Morena/Explode Coração/Lindo lago do Amor


João Gilberto é um dos principais ícones da Bossa Nova. Entre os principais nomes do movimento ele é o único vivo. A melhor combinação, segundo os entendidos de Bossa Nova, seria Vinícius de Moraes letrista, Tom Jobim musicando as canções e João as interpretando.

João Gilberto e Tom Jobim - Chega de saudade

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Brilhante Gonzaguinha

Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, ou Gonzaguinha, completaria hoje 64 anos se estivesse vivo. Compositor e cantor, o músico foi um dos mais brilhantes de sua geração. A morte prematura é uma perda sentida ainda hoje por fãs e músicos brasileiros. Seu primeiro sucesso foi uma das inúmeras composições censuradas pela ditadura.

Gonzaguinha - Comportamento geral


Filho do também cantor e compositor Luiz Gonzaga (Gonzagão) e de Odaleia Guedes dos Santos, cantora do Dancing Brasil, que morreu de tuberculose, aos 22 anos. Os inúmeros shows de Gonzagão pelo Brasil fizeram com que o pequeno Júnior, órfão com apenas dois anos, fosse criado pelos padrinhos Dina e Xavier.

Gonzaguinha - O que é o que é?


Gonzaguinha conquistou fãs e artistas com suas composições belas e geniais. Simone, Ivans Lins (amigo de juventude e pareceiro), Maria Bethânia e até mesmo Elis Regina cantaram suas músicas. Ainda hoje vários artistas incluem suas canções no repertório.

Elis Regina - Redescobrir/Fascinação


Gonzaguinha e Roberto Ribeiro - E vamos à luta


Simone - Sangrando


Natiruts - Espere por mim morena


Leila Pinheiro - Feliz


Maria Bethânia e Gonzaguinha - Explode coração


Negra Cor - Um homem também chora


Gonzaguinha deixou mais uma geração de talentosos Gonzagas, o músico é pai dos cantores Daniel Gonzaga e Fernanda Gonzaga, frutos do seu primeiro casamento. A caçula é a cantora e atriz Amora Pêra, filha da atriz Sandra Pêra (irmã de Marília). Daniel possui uma imensa semelhança vocal com o pai e vem trilhando sua carreira no cenário musical.

Simone e Daniel Gonzaga - Começaria tudo outra vez


Já as "meninas", Fernanda e Amora, cantam juntas no grupo Chicas, ao lado de Isadora Medella e Paula Leal.

Simone e Chicas - Apenas queria que você soubesse


Simone além de amiga foi, talvez, a maior intérprete das canções de Gonzaguinha. Canções atuais e que permanecem vivas, eternizando o compositor. Salve a música brasileira! Salve Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior!

Simone - É

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Luiz Gonzaga: 20 anos de saudade

Entre 1930 e 1950 o rádio apresentou aos ouvintes brasileiros os populares programas de calouros. Destes programas saíram nomes como Ângela Maria, Cauby Peixoto, Jamelão e o "Rei do Baião", Luiz Gonzaga.

Uma monarquia marcada por um longo e belo reinado.O segundo dos nove filhos de Januário José dos Santos e Ana Batista de Jesus, Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu em 13 de dezembro de 1912, na pequena cidade de Exu (PE), no sertão nordestino.

Aos oito anos começou seu reinado. Substituindo um sanfoneiro em uma festa da região, tocou e cantou durante toda a noite. Ganhou seu primeiro cachê e conseguiu amolecer o coração aflito de sua mãe, que permitiu ao pequeno Luiz seguir com sua carreira de sanfoneiro.

Luiz Gonzaga, Oswaldinho do Acordeon, Hermeto Pascoal, Dominguinhos e Fagner - Asa Branca



Com o exército, em 1930, seguiu por vários estados brasileiros e conheceu o Rio de Janeiro. Anos depois, voltou à cidade maravilhosa para partiipar dos programas de rádio da época. Mas o sanfoneiro apresentava sons diferentes daquele onde seria consagrado e por isso não conseguiu se destacar no começo de sua carreira de calouro. Retomando as origens musicais do seu sertão atraiu novos súditos, seduzidos por sua sanfona radiodifundida.

O resto da história são sucessos e mais sucessos. Herdeiros? Sim, o sucesso musical foi repassado a seu filho Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior (Gonzaguinha). No vídeo abaixo, ao lado do apresentador Júlio Lerner, Júnior entrevista o pai no extinto programa Proposta.



Gonzaguinha se tornou um dos grandes nomes da MPB, seja como intérprete ou como compositor. O filho também teve o pai como um de seus grandes parceiros musicais. Em sua discografia está um disco gravado pela "dupla" Gonzaguinha e Gonzagão.

Luiz Gonzaga e Gonzaguinha - Vida de Viajante



No dia 02 de agosto de 1989, após dias internado em um hospital de Recife, devido problemas causados pela osteoporose, Gonzagão morreu aos 76 anos. Em sua última subida aos palcos, meses antes, o rei declarava que "queria ser lembrado como o sanfoneiro que amou e cantou muito o seu povo, o sertão, que cantou as aves, os animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes, os valentes, os covardes, o amor...".

Luiz Gonzaga - Terra, vida e esperança




Seu enterro contou com a presença de uma multidão de amigos e fãs que juntos cantaram um de seus maiores sucessos “Nem se Despediu de Mim”.

Nem se despediu de mim
(Luiz Gonzaga - João Silva)

Nem se despediu de mim
Nem se despediu de mim
Já chegou contando as horas
Bebeu água e foi-se embora
Nem se despediu de mim
Te assossega coração
Esse amor renascerá
Vai-se um dia mais vem outro
Aí então, quando ele voltar
Quebre o pote e a quartinha
Bote fogo na tamarinha
Que ele vai se declarar