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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Dia do Samba - Parte 2

As tias e tios eram famosos chefes de cultos afro-descendentes (ialorixás, babalorixás, babalaôs) e sempre promoviam encontros de dança, além dos rituais religiosos (candomblés). Com as reformas urbanísticas muitos deles foram para uma região da cidade conhecida como Cidade Nova, mas que o compositor Heitor dos Prazeres nomeou de “Pequena África”.

Diogo Nogueira, Martinho da Vila e Nelson Sargento - Pelo telefone


A Cidade Nova passava então a ter grande importância por reunir, na casa das tias, os pioneiros compositores do estilo e lá que o samba começa a dar seus primeiros passos, nas rodas promovidas por seus frequentadores. Um ritmo bem diferente do que conhecemos hoje, mas que começou a se formar em meio a festas do candomblé, ao ritmo lundu, pernadas de capoeira e a marcação do pandeiro.

Dudu Nobre - Vou botar teu nome na macumba/Posso até me apaixonar


Não apenas o samba era permitido na casa das tias. Os terreiros eram lugares livres onde tudo e todos sempre foram bem vindos. Seja por tocar sambas, lundus, polcas e batucadas, ou por receber negros, brancos, mestiços, pobres e ricos.

Velha Guarda da Portela, Monarco e Vanessa da Mata - Onde a dor não tem razão


Assim mais um capítulo na história do Brasil começa. O samba nasce, a contragosto de uma alienada elite, interessada na moda e na cultura européia. As favelas se erguem na cidade maravilhosa mostrando seu propósito de exclusão contra negros, mestiços e pobres brasileiros. Mesmo assim o intercâmbio cultural entre as classes sociais cariocas nunca foi perdido.

Seu Jorge - Tive razão


Por mais reprimida que fosse a cultura negra conseguiu encontrar muitos simpatizantes pelo caminho e se fortalecer. Simpatizantes como Heitor Villa-Lobos e Noel Rosa que, para um olhar mais preconceituoso, não faziam parte daquele mundo. Hoje vemos um ritmo em plena forma, nas suas mais variadas vertentes e com mais de 90 anos de gravação do primeiro samba.

Marcelo D2 - A maldição do samba

Dia do Samba - Parte 1

No Brasil do início do século XX a paisagem do Rio de Janeiro começou a mudar de maneira vertiginosa. Capital da recém proclamada República, o Rio via os cortiços se espalharem pela cidade e junto deles o aumento da população negra. Em grande parte sua transformação era impulsionada pela abolição da escravatura que levou muitos “ex-escravos” para a cidade.



Mart'nália e Caetano Veloso - Pé do meu samba





No início da década de 1890 já havia mais de meio milhão de habitantes na cidade, sendo que apenas a metade era natural da capital. O Rio atraía milhares de pessoas e se transformava em um epicentro político, social e cultural do país. Diante do grande crescimento demográfico, a elite carioca queria tornar a capital em um lugar mais civilizado.



Zeca Pagodinho - Quando a gira girou





O conceito de civilização, defendido pela elite carioca da época, tinha na verdade outras intenções. A de retirar do centro da cidade a parcela pobre e negra da população. É nesse momento histórico que nascem as favelas cariocas. A parcela humilde da sociedade se vê obrigada a subir os morros e construir seus barracos.



Ney Matogrosso e Moreira da Silva - Na subida do morro





A exclusão dos negros aconteceu não apenas no ponto habitacional, quando o governo os retirou da cidade, ela aconteceu em todos os aspectos. Escolas e fábricas também não os aceitaram, alegando que faziam isso para estarem compatíveis com as exigências do mercado urbano.




Exaltasamba e Racionais MC's - Favela





Foi essa exclusão que motivou ainda mais os negros a reforçarem sua cultura e sua forma de sociabilização, transmitidas pelas instituições religiosas afro-brasileiras. São nas festas ou reuniões familiares que eles se libertam do olhar preconceituoso da sociedade. A realização das festas acontecia, em sua maioria, na casa das
tias, ou tios (como eram conhecidos), espalhados pela cidade.



Nelson Sargento e Teresa Cristina - Agoniza mas não morre