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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Fugir pra felicidade

Te ver , como se apenas isso fosse o suficiente, me deixou pior. Estar contigo, mas fingir para o mundo que nada existe é como um tiro no coração. Preciso sentir teu cheiro pra desacelerar meu coração. Contornar teu rosto com a ponta dos meus dedos e de olhos fechados sorrir e te beijar. Perceber que você também sorri e está de olhos fechados.

Apertar tua mão, mas não te beijar foi cruel. Foi uma pena pesada demais para este meu crime social. Eu sei que eles são apenas crianças e não entendem nada da vida, mas ainda assim doeu. E o que aconteceu na vida deles? Por que a minha felicidade incomoda tanto a deles? Que moda querem seguir, o que tanto querem expor (além das suas próprias vidas)? Quem os elegeu juízes para condenarem meus sonhos?

A vida não é uma peça de teatro, não temos tempo pra ensaios. Vamos casar, vamos fugir pro nosso planeta antes que seja tarde demais. Antes que chegue a manhã e a gente não possa mais sair daqui. Vamos pro nosso canto, de lá repovoar o mundo com gente que entenda o amor em toda sua textura, tom, forma, peso, som, cor, perfume e ardor. Gente com tempo pra viver, que consiga deitar na grama para buscar desenhos nas nuvens.

Juntos sermos deuses, para criar mais bicho, mais verde, mais riacho. Construirmos, no nosso mundo, um mundo onde todo mundo possa ser quem se é (quem se quer ser). E lá, no nosso lugar, não haveria altar. Não haveria templo, não haveria tempo para se encher de dogmas e preconceitos. Sermos deuses, sermos donos da nossa felicidade.

Zélia Duncan - O habitat da felicidade/Presente

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