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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Saudosista anônimo

Sou um medroso confesso (quanto à solidão). Aproveitando a deixa, confesso também ser possessivo, rancoroso, carente, chato, levemente depressivo e ciumento, além de outras coisas mais sutis que de vez em quando, como bom ser humano falho que sou, me permito sentir. Liberto mesmo só me encontro do saudosismo.

Deixei de viver o século XX e tenho pensado muito no XXII. Alguns sempre me dizem que não sou o mesmo, mas tudo bem, ninguém se manteve o mesmo também. Os corpinhos e modelitos variaram seguindo tendências, modas ou comodismos. Constante de lá pra cá só ficou o tempo. Permaneceu igual, passando por todos nós e deixando suas marcas.

O presente dura em média 1 segundo, já o futuro é eterno, ainda que nossos corpos não sejam. Talvez venha um ou outro afirmar convicto, com certo ar superior, de que é lógico que “ninguém é imortal”, mas eu acredito que sou, que somos. Sou porque não me limito, ou me defino apenas pelo meu corpo, mas pela minha essência.

Alma, pensamentos, ações... enfim, uma lista grande de coisas que podem definir uma pessoa (ou definir essa essência citada acima). Se eu lhe perguntasse agora, caro amig@, como você é? Você se definiria por estatura, cor da pele, dos olhos, cabelos e pronto? Acho que não, por isso acredito somente na mortalidade do corpo, ou da matéria (como dizem os mais espiritualistas).

Como aprendi na doutrina espírita, Deus é eterno, nós somos imortais. A eternidade divina está na lógica de que Deus sempre existiu e sempre existirá, por isso é eterno. Nós somos imortais porque desde o momento em que passamos a existir (nossa alma) não poderemos mais inexistir.

O presente é especial? Sim, muito! Não o menosprezo, tampouco deixo de vivenciá-lo. O que quero dizer é que tenho aprendido (verdadeiramente) o valor dos sonhos. Não quero passar a vida sendo um velho chato que acredita que chegou ao fim e só enxerga a vida pelo retrovisor. Enquanto lá fora a estrada segue na minha frente exigindo atenção e admiração.

Minha relação com o tempo tem sido mais proveitosa. Saborear os instantes e por vezes vivê-los intensamente. Sem exageros, entendendo que tudo tem seu limite, hora e local pra ser e acontecer. O que me remete àquele lance de destino que falei aqui há dias, em um outro post.

Vivo o agora pensando no por vir, numa espécie de caderneta da vida (planejando a longo prazo). Antes a vivência era baseada unicamente no passado. Enxergava o que vivi como ideal e modelo para todo o restante. Tudo deveria ser igual para que pudesse ser válido, ou proveitoso. E nesse meio tempo em que deixei de vivenciar o momento tentando enquadrá-lo em modelos e padrões já vividos, fui infeliz sem entender ou perceber o por quê.

Os erros do passado agora fazem sentido, enxergo as razões de terem ocorrido. Enxergo minha parcela de culpa e como estes erros me ajudaram. Ainda estou longe do ponto de equilíbrio. Por vezes tenho sentido que preciso jogar pitadas de passado e de futuro nesse presente. Mas já estou liberto do saudosismo extremo.

Há alguns anos e muitos dias que não tenho pensamentos saudosistas. Estou limpo, lembrando diariamente daquela máxima de que “é um dia de cada vez”.

Capital Inicial - Primeiros Erros

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