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quarta-feira, 2 de abril de 2014

Telefonema aos Mortos

Semanas atrás, no meio da tarde, o telefone tocou e por um segundo pensei em não atender. Antes não tivesse. Do outro lado o homem perguntou pela minha mãe...

Não sei o que aconteceu. Gaguejei antes de avisá-lo, extremamente enfurecido, que ela havia falecido. Não sei se a informação foi indiferente a ele, ou se eu estava abalado demais e não me lembro se ele ao menos se desculpou. Continuou a conversa querendo saber se havia algum pensionista, fiquei ainda mais puto, encerrei a conversa e logo desliguei.

Nunca, desde sua partida, me senti tão desnorteado com essa situação. Não soube o que fazer, mesmo que alguns amigos sempre me digam que fui forte e reagi bem à perda dela, não soube o que fazer.

A sensação estranha foi como se a vida me tivesse ligado para me lembrar da morte. Uma "pegadinha" sem-graça rolou nesse dia. Abriu-se um novo corte, profundo. Acho que a coisa mais sutil e doce que consegui chamá-lo foi de FDP, daqueles ditos de boca cheia.

Não houve choro, de imediato. Revolta, talvez. Como alguém que recobra a consciência e se lembra de TUDO o que se perdeu "apenas" com a morte de uma pessoa. Como se as mágoas e tristezas, dos quase dois anos, ficassem entalados na garganta e de repente saíssem. Mas o choro, esse está por um triz, por uma saudade qualquer.

Engenheiros do Hawaii - Perfeita Simetria

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