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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Pensamentos para a morte

Uma notícia sobre a morte de dois jovens em minha cidade me deixou preocupado. Não os conhecia, talvez um deles eu saiba quem seja, mas apenas de vista. Se for de fato quem penso que seja, já o vi uma dúzia de vezes em festas, ou pelas ruas da cidade. Mas acredito que minha preocupação tenha a ver com a forma como eles morreram, ou até mesmo por serem jovens.

Pensei em mim, jovem ainda e motorista, que também faz o mesmo trajeto e que, volta e meia, acelera para chegar logo em casa. Me aliviei por não ser dependente das drogas para ter uma noite divertida, o que quase sempre é um agravante em acidentes de trânsito. Diria até mais, é um fator decisivo em acidentes de trânsito, de madrugada, nos fins de semana.

Na mesma noite Whitney Houston também morreu. Afogada, devido os calmantes, ou pela mistura dos remédios com o álcool? Ficam as perguntas a serem respondidas daqui semanas. Independente das coincidências e diferenças que possam haver entre os dois casos, sei que são acontecimentos assim que nos alertam para a vida. Quanto a colocamos em risco? Quanto a desperdiçamos, a desafiamos, ou mesmo a desprezamos?

Pra piorar minha tensão, reparei que ultimamente há um certo tom de despedida em meu discurso. “Pronto, meu nome tá no topo da lista”, pensei deitado em minha cama. E se houver de fato uma premonição nisso tudo?, tratei logo de levantar e pegar o laptop pra rascunhar qualquer texto que se torne póstumo. Até mesmo uma ligeira pontada no coração que volta e meia acontece, resolveu dar as caras hoje.

Logo me veio a pergunta: Como você quer morrer? A resposta óbvia é, “não quero morrer de jeito nenhum”. Mas entre tantas terríveis e possíveis maneiras que cabem à morte, acho que a escolha seria pela maneira menos dolorida e angustiante, como qualquer um escolheria se fosse possível.

Pronto, escolhida a maneira. Agora precisaria definir a data. Isso seria algo indefinido pra qualquer um. Nos momentos de raiva, ou tristeza já quis a morte, então essa data sofreria constantes mudanças só por isso. Uma escolha razoavelmente interessante seria da morte logo após o nascimento, para não ter raciocínio nem expectativas quaisquer sobre a vida. Mas como disse acima que não queria passar por este momento, optaria por nunca morrer. Enfim, tendo de definir prazos iria querer o mais distante possível.

Tentei pensar em mais coisas para me questionar e depois de muito tempo me veio a palavra, Onde. Nunca havia pensado em local para morrer. Deitado em minha cama? Talvez fosse melhor vendo o pôr-do-sol, na beira da praia, numa cachoeira, em um belo bosque, no jardim, na rede sob a sombra de uma árvore... comecei a imaginar tantos lugares que de repente me vi sorridente e criando expectativas sobre minha morte.

O que levaria comigo? Outro sorriso veio, seguido por uma gargalhada. Tantas histórias surgiram, tantas pessoas, tantos cheiros, gostos, cores..., mas levaria apenas as lembranças. E só de lembrar já me trazia uma felicidade imensa de ter vivido boas histórias em minha vida.

O trágico deu lugar ao lúdico. Tornar a morte bela foi só uma questão de pergunta. Me dei conta que mesmo a morte tem lá suas coisas boas. Se é que podemos ver dessa maneira. E para acabar com toda alegria me perguntei: Quem eu queria ver antes de morrer? O nó na garganta trouxe alguns nomes à cabeça, mas dizer um apenas seria injustiça. Preferi optar por Deus. Acho que vê-Lo seria, antes de mais nada, um bom sinal.

Legião Urbana - Música Ambiente

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