Aviso!

Proibida a reprodução ou uso dos textos do autor do blog sem a sua prévia autorização.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Liberdade

De todos os vícios que ele possuía o pior era o de não amá-la. Ela já não conseguia suportar uma vida tão pouca, tão pequena por parte dele. Um homem descomprometido com seus compromissos familiares. Alguém que nunca quis, verdadeiramente, assumir um lar e uma família.

Ela se cansou. Ela não queria, acompanhada, viver uma vida sozinha e frustrada. As promessas nem chegaram ao altar e por vezes ela acreditava que por isso ele era daquela maneira. Mas o altar não santifica ninguém em vida. Os santos que lá estão já morreram há muito tempo.

Silenciosamente ela juntou suas coisas. Roupas, brincos e sapatos aos poucos encheram o porta-malas do carro. Sua filha acomodou-se no banco de trás e esperou quieta a mãe terminar de ajeitar tudo. Ela juntou suas lembranças e mágoas e partiu.

Ela mudou. Mudou sua vida e seu endereço. Sabia que aquele era o fim do conto de fadas. Agora ela queria, sozinha, viver uma vida feliz e despreocupada com sua filha. Numa estória que se repetiu. Uma sina que passou de geração em geração na sua família, mas que sempre foi superada em todos os casos.

Ainda embriagado ele acordou com as botas sujas ainda nos pés e o cigarro apagado na mão. Assustado gritou pela esposa, mas a voz ecoou pelas paredes da sua casa. Agora só sua, teria todo o espaço para viver a vida sem o peso familiar. Ele não teve tempo de vê-la partir. Correu, ligou e no fim chorou e fumou sua solidão. A vida livre que queria estava a seu dispor.

Ela seguia pela estrada. Olhava pelo retrovisor e sorria para sua pequena, que retribuía o sorriso e a felicidade da mãe em viver uma nova fase na sua vida. Acabou. Sem ignorâncias, sem brutalidades, sem decepções. Talvez naquele momento todos tenham conseguido o que tanto queriam. Cada um agora viveria com sua liberdade.

Barão Vermelho - Cigarro Aceso no Braço

Nenhum comentário:

Postar um comentário