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sábado, 17 de julho de 2010

O assassinato do amor

Crime passional virou o assunto da moda há algumas semanas. Aliás, este tipo de crime volta e meia torna-se tema de jornais, programas matinais, vespertinos e noturnos. Debates sobre leis, amores doentios, crimes brutais, agressões contra mulheres e toda a ladainha que possa envolver a temática. Mas por que insistem em creditar à paixão tal violência?

Tudo bem, paixão é mesmo arrebatadora e muitas vezes nos tira algumas noções e a própria razão. Mas nunca me tornei violento por simplesmente me apaixonar por alguém. Paixão é algo efêmero que deveria partir tão rápido quanto nos arrebatou. Ou deveria tornar-se em amor com o passar do tempo. Esse sentimento desperta algo de bom em cada um.

Paixões acendem, despertam desejos. Por isso defendo que estes crimes não são, jamais, passionais. Injustamente o nomeiam assim. É, no mínimo, um crime irracional. Não. Se é crime perdeu-se há muito a razão para cometê-lo. Mas não é um crime qualquer, este quase sempre vem seguido de uma covardia e uma crueldade bem maior do que a habitual.

Seria paixão matar sua companheira, esquartejar e alimentar os animais com o corpo? Ou seria matar com tiros na nuca, depois jogar o carro com o corpo dentro em um lago? Ciúmes, vingança, orgulho e tantas outras coisas são apontadas como justificativas, mas não me digam que o excesso de amor ou de gostar foi o motivador para as brutalidades modernas.

Ainda que amor demais cause este mal, por favor despenso amores grandiosos assim. Pode me amar menos, não acharei ruim, nem acharei pouco. O mundo está doente e aos poucos estamos nos acostumando e fazendo de fatos tão brutais algo comum. A nossa indiferença é um dos maiores males. A falta de amor é apenas o resultado lógico para a tragédia anunciada.

Quando o amor falta algo ruim preenche o espaço. Assim como acontece com uma vasilha aberta lançada dentro d'água. O líquido inunda seu interior, expulsa todo o ar e a carrega para o fundo. Na verdade o amor jamais matou alguém. O amor foi assassinado à sangue frio e ninguém fez nada.

The Black Eyed Peas - Where is the love?

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