Aviso!

Proibida a reprodução ou uso dos textos do autor do blog sem a sua prévia autorização.

sábado, 24 de julho de 2010

O que temos de sentimentos pra hoje?

Rafa, minha amiga loira e gata (mas muito inteligente), me questionou sobre os sentimentos que me envolviam naquele momento. "Putz!", exclamei sorrindo. Precisei de tempo pra pensar e tentar ordenar os sentimentos aqui dentro antes de responder algo. Tentei ordenar, mas não deu. "Mágoa, amor, raiva, alívio, tristeza, alegria, medo... Porra Rafa, sei lá! Não sei mesmo.", rí e cocei a cabeça tentando me entender. Fiz mais uma pausa estratégica na minha oratória (gostei dessa frase) e tentei explicar tudo o que se passava na minha cabeça com relação aos fatos de 2010.

"Rafa entendi, nesse meio tempo, que a vida sempre vem em ciclos. Alternando entre bons e maus momentos. Época de preparar e plantar na terra, em seguida a época de combater todas as pragas e doenças que devastam, muitas vezes, boa parte dessa plantação e o último período, de colheita dos bons frutos que resistiram ao ataque. Também acho esse exemplo bobo. Simplório demais, mas queira ou não é a melhor maneira de entender a vida. Pelo menos para mim. Se você cuidar bem de tudo as pragas não farão grandes estragos. É inevitável que elas venham, mas pode-se controlar o tamanho do prejuízo.

Quantos turbilhões vieram na minha vida recentemente. Um tsunami passou por aqui e devastou tudo. Mudou a paisagem radicalmente, mas mudou pra melhor. Me colocou de frente com os meus medos. Mostrou em quem eu poderia confiar, que pra minha surpresa foi de quase 100%. Eu sei com quem lido e é exagero dizer que me surpreendi. Mas o ser humano está suscetível aos erros e tropeços e sempre é bom fazer todas as previsões, boas ou ruins. Seja nos planos de comunicações (como um bom comunicador) ou na vida (como um bom "vivente"). Por isso soube de quem esperar apoio, acolhimento, força e frustração.

A vida me deu alguns toques, tentou me poupar de um bocado dessas coisas, mas como diz o músico, poeta, ídolo oitentista, baixista, compositor e gaúcho, Humberto Gessinger, 'se eu soubesse antes o que sei agora erraria tudo exatamente igual'. Não existe nada como as situações fodidas pra que a gente enxergue com todas as minúcias quem é quem no jogo da vida. Ser posto em xeque, mas ainda sair vencedor na partida de xadrez não tem preço (assim como na propaganda de cartões de crédito).

Sei que a experiência foi de toda válida, mas dolorosa. Dor tão forte que nem um daqueles meus bons berros poderia tirar isso daqui de dentro. Enfim, dói, dói, dói, mas não mata e nem aleija. É lapada ardida que caleja e engrossa o couro. No começo parece sem fim, impossível de carregar, mas com o tempo vai se acomodando pela casa e vira membro da família. Com os dias a dor quer ter a sua independência e liberdade e só nos procura pra saciar algum desejo. Talvez a dor também tenha sua libido aguçada, sinta um tesão masoquista em nos sacanear, mas logo goza e vai embora.

Tirando os contras, que todo mundo sabe: Eita vidinha boa pra ensinar! Em mais esta grande lição na minha vida acho que o número de atualizações pra versão Vini 2.5 estiveram na casa dos milhares. Os próximos usuários vão ter disponível um pacote completo com todas as qualidades das versões anteriores e a correção de quase todos os defeitos apresentados. Ainda ficaram alguns, mas só os mais malandros."

Concluí minha tentativa de resposta e de explicação com o que tenho de mais certo: "Este é o melhor momento da minha vida! No espiritual, no físico, no familiar, no social, na escrita, no poético, nos estudos, no mental, na saúde... por mais que possa não parecer. Sei de tudo o que me rolou de ruim, mas sei que todo esse bem que estou vivendo e o fato de (agora) eu ser um cara bem mais centrado, por causa desse "mal", é algo tão grande e tão bom que o Vinicius de 2009 jamais pensaria em estar ou ter algo tão valioso assim. É o meu auge, saca? Esse é o meu momento e essa paz é fruto das decisões difíceis que precisei tomar de lá pra cá. Ainda têm muitas pontas pra aparar, mas isso é o acabamento da obra que a gente faz por partes, aos poucos, em cada cômodo.

Meu grande lance em tudo isso foi me manter racional. Preservar, sabe-se lá como, a razão sobre todo o resto. Se deixasse o restante sobressair teria sido uma lição mais doída. E não troco as dores de hoje, com as dúvidas e um 'achismo' de que ontem era um tempo melhor. Em nada foi melhor, porque hoje a cabeça funciona leve e de uma maneira que nunca funcionou antes. A cabeça de agora tem mais respostas do que dúvidas", pelo sorriso e o movimento com a cabeça concordando com o que eu dizia, acho que me fiz entender.

Caminhávamos observando o fim de um dia bonito e gelado. Crianças, velhos, jovens, casais, famílias, cachorros e uma paisagem linda como pano de fundo. Se fosse uma novela global, ou um daqueles filmes de milhões de dólares este seria um ótimo cenário. Além da figuração e da locação muito bem escolhida, nós dois estávamos bonitos e arrumadinhos, em harmonia com o set de filmagens. Dois jovens falando sobre amores, vida, lições, casamentos e projetando o que o futuro tinha para nos reservar.

Djavan - Lambada de Serpente

Nenhum comentário:

Postar um comentário