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quarta-feira, 31 de março de 2010

Dicionário Musical: mentira (2)

Mentira: ato de mentir; falsidade; lorota; tapeação

Barão Vermelho - Maior Abandonado


Ana Carolina - Trancado


Nando Reis - Cegos no castelo


Marina Lima - O Chamado


Zeca Pagodinho - Minta meu sonho

Aonde caem as estrelas cadentes?

Quatro, cinco ou mais adolescentes deitados na calçada olhando o céu. Aflitos, esperávamos a chance de que nossos desejos pudessem ser realizados. Quando de repente uma estrela cadente se joga, atravessa o breu noturno como se fizesse isso apenas para ouvir nossos pedidos.

Maíra, Dida e Iara faziam desses momentos uma festa. Apontavam, gritavam e alarmavam que a estrela cadente passava, quando via estavam em meio a pedidos e risos para que tudo desse certo. Eu ria e me divertia muito, gostava de ficar ali parado, deitado e despreocupado. Também fazia meus pedidos, mas sem tanto alarde.

Não me lembro das coisas que pedi há pouco mais de 10 anos, mas sei que foram pedidos que não aliviariam as angústias e as preocupações de hoje. Talvez nem tenham sido realizados, mas sei que foram feitos em momentos felizes, noites normalmente felizes.

Nossas noite eram tão inocentes, quando apenas estávamos ali deitados. Noites que eram tão indecentes, quando eu falava as besteiras ou as "danças sensuais" (sim, sempre fui ridículo em público). E noites tão sagradas, quando fazíamos daquilo um ritual diário, ou quase isso. Um católico, duas protestantes, uma espírita e nenhum atrito ou diferença nisso.

Conversando por e-mails com a Dida, dias atrás, relembramos um pouco dessa nossa boa fase. Ela se identificou com um post e logo vieram nossas noites no chão da rua. A amiga de longa data me disse: "Que saudade que me deu e logo me veio uma frase na cabeça que descreve bem a saudade daqueles tempos: 'Eu nunca mais vi estrelas cadentes'".

Estrelas cadentes, por onde será que elas estão a cair? Qualquer noite dessas irei para rua, deitar com aquele sossego de antes e esperar para fazer meus pedidos. Esperar que tudo volte a ser como antes. Nós, a rua, o céu e as estrelas caindo diante dos nossos olhos naquela festa de sempre.

Gilberto Gil - Estrela

terça-feira, 30 de março de 2010

Momento Guimarães Rosa

"Deus nos dá pessoas e coisas,
para aprendermos a alegria...
Depois, retoma coisas e pessoas
para ver se já somos capazes da alegria
sozinhos...
Essa... a alegria que ele quer"

"Os outros eu conheci por ocioso acaso. A ti vim encontrar porque era preciso. "

"O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem"

"O mundo é mágico.
As pessoas não morrem, ficam encantadas"

segunda-feira, 29 de março de 2010

Brasileiro

texto do jornalista Severino Francisco*

Calma, leitor de ressaca, pois esta crônica vai começar na academia, mas vai terminar em samba ou ao menos em chorinho. Eu tinha, em uma faculdade, dois alunos chamados Vinícius com os respectivos sobrenomes de Brasileiro e Elias. Os nomes foram inspirados no poeta Vinícius de Morais, que se dizia o branco mais preto do Brasil. Sempre confundia os sobrenomes e, para me justificar, inventei a versão de que o verdadeiro Vinícius Brasileiro era o falso, ou seja, o Vinícius Elias, pois ele gostava muito de samba, parecendo vir para a aula diretamente da Aruc ou da Acadêmicos da Asa Norte. Bastava que se fizesse qualquer menção à história do samba para que imediatamente o coração de Vinícius começasse a bater no pulmão em ritmo de pandeiro, uma cuíca lhe roncasse na barriga, um tamborim percutisse no pulso e uma chispa de curiosidade se acendesse nos seus olhos: "Vou fazer uma monografia de conclusão do curso sobre o samba e você vai ser o meu orientador", ameaçou o sambista.

No último semestre, Vinícius efetivamente me procurou. A verdade é que tive um trabalho mínimo, reduzindo-me quase à condição de um orientador-laranja, pois com sua gana pelo tema, Vinícius realizou uma verdadeira varredura em bibliotecas, livrarias e sebos. O resultado foi um belo trabalho que, contrariamente ao senso comum de que o samba seria mera alienação, revelava que as letras das canções narravam uma verdadeira história não-oficial brasileira, do ponto de vista das classes populares. Só faltava a defesa pública diante de uma banca examinadora.

Pois bem, no dia marcado, Vinícius começou a realizar sua exposição com desembaraço. Ele evocou a história do surgimento do samba no Rio de Janeiro da virada inicial do século 20, quando o prefeito Pereira Passos promoveu uma modernização da cidade. Civilizar significava desafricanizar o Rio de Janeiro. Passos expulsou do centro a população dos negros africanos recém-libertos pela Abolição e a empurrou para os morros, onde se improvisariam as favelas. Nas casas das chamadas tias baianas, as tias do candomblé, nasceria o samba, este moleque desabusado. A voz do morro, sim senhor, arte de transformar a dor em alegria, a desgraça em graça, a história oficial em crônica popular bem-humorada.

Mas, de repente, Vinícius colocou as mãos sobre o rosto e estacou por uns 20 segundos:"O que houve Vinícius, está recebendo o santo?", perguntei. "Não, ele está chorando e eu não posso ver aluno chorando porque também choro", respondeu uma das professoras da banca examinadora. Em seguida olhei para o auditório e percebi que todas as 15 colegas do Vinícius também estavam tomadas pela comoção e choravam torrencialmente. Depois de alguns minutos de catarse coletiva, Vinícius recobrou a fala, realizou sua defesa e foi aprovado. "Que vexame, um sambista chorar na frente das moças", provoquei, no dia seguinte. Todos se derramaram, sem saber por quê, intuindo secretamente que algo de grave se passara dentro de Vinícius. Mas ele conhecia o mistério:"É que quando eu estava falando, me lembrei do meu bisavô, que era escravo. A história do samba também é um pouco a minha história". Mas chega de choro, chorinho bom é o do Pixinguinha ou do nosso Clube do Choro, no Eixo Monumental.

(*publicado no caderno Cidades, do jornal Correio Braziliense, na edição de 04/02/08.)

Marisa Monte e Velha Guarda da Portela (Doca, Eunice e Surica) - Ensaboa/Quantas Lágrimas

Dicionário Musical: bebê

Bebê: Nenê, criança de colo

Tribalistas - Anjo da Guarda


Palavra Cantada - Sopa


Cazuza - Minha flor, meu bebê


Clássicos Disney (Dumbo) - Meu bebê


Vander Lee - Nenêm


Beth Carvalho - Não chora, nenêm


Raimundos - Nana nenêm

Marina, mais linda

Agora é tempo de amar.
Amor assim, sem fim.
Extenso, largo, profundo e forte como o mar.

Agora é tempo de, sorrindo, chorar,
de ninar a boneca menina.
Tempo de acalmar o coração de mãe aflita
e apenas poder cantar uma cantiga, Marina.

Dorme Marina, dorme.
Que os olhos estão a te vigiar.
Deita e cochila, não fique aflita.
Tens aqui todo o amor que precisar.

Se acolhe no colo de mãe linda,
se aconchega no seio da tua vida.
Se abriga! Descança onde nada te causará ferida.

E essa menina, será que é do mar?
Será que o mar é dessa menina?
Será Marina, será menina pra se amar.

Pequenos olhos ainda,
és a pequena dos olhos da vida.
Pequena menina, Marina.
Pequena menina, mais linda.

domingo, 28 de março de 2010

Momento Martha Medeiros

"Sempre desprezei as coisas mornas, as coisas que não provocam ódio nem paixão, as coisas definidas como mais ou menos, um filme mais ou menos, um livro mais ou menos.
Tudo perda de tempo.
Viver tem que ser perturbador, é preciso que nossos anjos e demônios sejam despertados, e com eles sua raiva, seu orgulho, seu asco, sua adoração ou seu desprezo.
O que não faz você mover um músculo, o que não faz você estremecer, suar, desatinar, não merece fazer parte da sua biografia." (trecho de O Divã)

"Incertos são nossos amores, e por isso é tão importante sentir-se bem mesmo estando só."

"Desaprender para aprender. Deletar para escrever em cima.
Houve um tempo em que eu pensava que, para isso, seria preciso nascer de novo, mas hoje sei que dá pra renascer várias vezes nesta mesma vida. Basta desaprender o receio de mudar."

"Toda felicidade é construída por emoções secretas. Podem até comentar sobre nós, mas nos capturar, só com a nossa permissão."

Canções Amigas

Cachos pra lá, cachos pra cá... já tive uma namoradinha que era quase um clone. Nossos cabelos cacheados e escuros eram uma das inúmeras afinidades. Que menina bacana, que amiga e vizinha fantástica. Nossa adolescência boba e cheia de histórias resultou em uma paixãozinha.

Foi bacana, hoje somos colegas de profissão e ainda bons amigos. Ela noiva e feliz com sua pequena e gostosa filhota. Eu com minha cachorra, meus peixes, meus blogs e histórias pra contar. (hehehehe)

Das muitas besteiras e coisas divertidas de adolescente, a sua risada era o que mais gostava. Ríamos da sua risada. Seu riso soluçado, ou soluço risonho? Uma risada interrompida por uma falta de ar que, rapidamente, retomava o fôlego e ria novamente. Como diria Renato Russo: "um sorriso bobo, parecido com soluço".

Legião Urbana - Vamos fazer um filme

sábado, 27 de março de 2010

Momento Renato Russo

Se fiquei esperando meu amor passar

Se fiquei esperando meu amor passar
Já me basta que então, eu não sabia amar
e me via perdido e vivendo em erro
Sem querer me machucar de novo
Por culpa do amor

Mas você e eu podemos namorar.
E era simples: ficamos fortes.

Quando se aprende a amar
O mundo passa a ser seu.
Quando se aprende a amar
O mundo passa a ser seu.

Sei rimar romã com travesseiro
Quero a minha nação soberana
Com espaço, nobreza e descanso.

Se fiquei esperando meu amor passar
Já me basta que estava então longe de sereno
E fiquei tanto tempo duvidando de mim
Por fazer amor fazer sentido.

Começo a ficar livre
Espero. Acho que sim.
De olhos fechados não me vejo
E, você sorriu pra mim.

"Cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo,
Tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo,
Tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo,
Dai-nos a paz."

Legião Urbana - Se Fiquei Esperando o Meu Amor Passar / Será

sexta-feira, 26 de março de 2010

De volta ao lar!

A gente só precisa de algum tempo, dias ou semanas longe da família pra comecer a entender a importância dela na nossa vida. Um rotina mudada de um dia para o outro e que é sentida facilmente. Estes pouco mais de 15 dias foram de casa muito vazia e silenciosa. O que não faz parte da rotina da minha.

Ironicamente, o dia de ontem (25) amanheceu frio e nublado. O sol timidamente fez algumas aparições e ventava muito. Com a chegada da tarde a meteorologia também ganhou novas previsões. Conforme minha família chegava mais perto do lar, o sol e o calor aumentavam. Não demorou muito o sol brilhava forte e a casa se enchia de gente, sons e abraços.

Até a cachorra (desanimada e sem comer direito nos últimos dias) balançou seu rabo com mais vigor, seguido por seu rebolado único, ao ver meus pais e meu irmão entrando pelo portão amarelo e longo. Todos recepcionados por minha vó contente e com saudades dos espirros escandalosos da minha mãe, da barulheira e da movimentação que todos fazemos.

Minha mãe dizia o quanto me queria por perto, ao seu lado. Quase chorando, como se jamais fosse me ver novamente. Sorrindo expus tudo o que queria e sentia, a contra gosto ela parece ter entendido meus anseios, mesmo não aceitando. Mudou de assunto e conversamos sobre a viagem e as coisas engraçadas que só acontecem com ela. Seguidas por aquela gargalhada gostosa, que ninguém além dela sabe dar, a casa toda ria junto.

Meu pai já largava as malas e tocava seu bandolim casa afora. Como exorcizando o vazio e o silêncio. Com seu jeito sério perguntou como eu estava. Ao mesmo tempo em que o seu olhar também queria me dizer as mesmas coisas que minha mãe havia me pedido. Mas seu jeito comedido esperaria que eu chegasse até ele e tratasse do assunto, para que só então desse a sua opinião.

Meu irmão, agitado, chegou fazendo perguntas sobre o seu filho e quase ignorando que passamos este tempo longe. Mas voltou diferente. Nossos diálogos estavam mais afetivos, porém ainda diretos e um pouco distantes. Ele também deve estar cheio de questionamentos quanto aos meus planos. Só que essas perguntas ele fará para nossa mãe, se eu o bem conheço (e conheço).

Com o passar da tarde, e tudo de volta a normalidade, o tempo retomou suas nuvens carregadas e escuras. Uma chuva leve e constante lavou e levou os resquícios daquela saudade quinzenal. Histórias, risadas, gargalhadas e bronzes enfeitaram a casa desde então. Família, tudo isso e mais um pouco.

Agora a casa era, novamente, um lar.

Simone e Zélia Duncan - Tô voltando

Raul Seixas: o início, o fim e o meio

O cinema nacional revive uma ótima fase tanto na produção quanto na audiência. Não é difícil ver as salas de exibição lotadas por um público ávido pela produção nacional. No ano passado uma série de filmes contando as histórias de grandes nomes da nossa música e da nossa cultura popular foram protagonistas da sétima arte.

Agora é a vez do nosso Maluco Beleza, Raul Seixas, ganhar seu devido e merecido espaço nas telonas. Raul foi um gênio da música brasileira com suas letras subliminares que diziam tudo aquilo que a ditadura não queria que fosse dito. Raul foi a mosca na sopa dos militares

Nosso primeiro e verdadeiro roqueiro, pelo menos na minha avaliação, foi Rauzito. Ao lado de Rita Lee, é nosso vovô do rock nacional. Salve Raul! Salve a Metamorfose Ambulante! Raul: o início, o fim e o meio.

Raul Seixas: o início, o fim e o meio

quinta-feira, 25 de março de 2010

Momento Fernando Sabino

"De tudo ficaram três coisas...
A certeza de que estamos começando...
A certeza de que é preciso continuar...
A certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar...
Façamos da interrupção um caminho novo...
Da queda, um passo de dança...
Do medo, uma escada...
Do sonho, uma ponte...
Da procura, um encontro!"

''No fim tudo dá certo, se não deu certo é porque ainda não chegou ao fim.''

"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."

"Antes de mais nada fica estabelecido que ninguém vai tirar meu bom humor."

"Matar não é tão grave como impedir que alguém nasça, tirar a sua única oportunidade de ser. O aborto é o mais horrendo e abjeto dos crimes. Nada mais terrível do que não ter nascido!"

Desilusão e a Solidão

"Sabe como é, a gente tem medo de sofrer as mesmas coisas, né? Quando o coração fica calejado é difícil expô-lo novamente", falei tentando traduzir o que aquela pessoa tão especial sentia. Eu entendia seus anseios e seus sentimentos. Tudo o que se passava naquela cabeça também passava, de certa forma, pela minha.

Eu não sei, sou uma das pessoas mais suspeitas pra falar de sentimentos e relacionamentos. Sou um ser humano muito passional e preciso de afeto e carinho sempre. Talvez por isso seja tão difícil me desvincular de sentimentos e lembranças intensas.

Cancerianamente falando as lembranças são meu combustível. Coisas boas, ruins... não me diga nada que você vá se arrepender, porque provavelmente eu não me esquecerei de nenhuma palavra. Da mesma forma que cada gesto e toque será lembrado, eternamente.

Alguns dias atrás lutava contra mim, tentando me convencer de que não amava mais. Mas percebi que este não é o caminho. Assumi: amo!, mas infelizmente não sou amado. Não sei se será a solução, mas acho que ter essa certeza melhorou e muito a confusão aqui dentro.

O que fazer? Desistir de amar? Não, eu prefiro o risco de uma possível desilusão, do que a certeza da eterna solidão.

João Bosco - Caminhos cruzados

quarta-feira, 24 de março de 2010

Salve Ben Jor!

No último dia 22 (segunda-feira) um dos grandes nomes da nossa música comemorou mais um ano de vida. Jorge Duílio Lima Menezes, Jorge Ben Jor, chega aos 68 anos com muito suíngue e música na bagagem.

Jorge Ben Jor e Ivete Sangalo - Por causa de você menina


Filho de músico, aos 18 anos ganhour seu violão e pocuo tempo depois tocava bossa nova e rock nas festas dos amigos. Iniciou sua carreira artística em 1961, como pandeirista, ao lado do Copa Trio, se apresentando no Beco das Garrafas (RJ). Em seguida, apresentou-se no Bottle's, também no Beco, cantando e tocando suas músicas. Também nessa época, se apresentou como cantor de rock, na boate Plaza (RJ).

Jorge Ben Jor - Mas que nada


Em 1963, realizou sua primeira participação em estúdio, como "crooner" nas faixas "Mas que nada" e "Por causa de você, menina", todas de sua autoria, incluídas no LP "Tudo azul", de Zé Maria. Em seguida, foi contratado pela gravadora Philips, e gravou essas duas músicas, acompanhado pelo Copa Cinco. O disco foi um sucesso. Nesse mesmo ano, gravou seu primeiro LP, "Samba esquema novo", contendo essas duas canções, além de "Chove chuva", que veio consolidar seu sucesso como cantor e compositor. O disco vendeu 100 mil cópias, algo incomum para a época.

Jorge Ben Jor - Chove Chuva


Nos anos seguintes mais LPs e sucessos fizeram parte da brilahnte carreira de Ben Jor. Atualmente seus antigos sucesso são facilmente conhecidos por jovens. Seja por ouvir o bom e velho suíngue do cantor entre as canções dos seus pais, ou quando Sérgio Mendes regrava o sucesso ao lado do grupo The Black Eyed Peas. Tornando, mais uma vez, um hit das paradas.

Sérgio Mendes e The Black Eyed Peas - Mas que nada


Só me resta desejar mais e mais sucesso ao nosso mestre do suíngue. Que venham novos hits, novas canções e novas parcerias pela frente. Salev Ben Jor! Salve o suíngue! Salve a simpatia! Salve a música brasileira!

Jorge Ben Jor e Caetano Veloso - Ive Brussel


Jorge Ben Jor e Zeca Pagodinho - Taj Mahal e Fio Maravilha

Distâncias

Era quase 23h quando conversava (ontem) pela internet com meu irmão de vida, o Cubano. Ele na europa fria e distante, eu aqui no calor dos trópicos tupiniquins. Os dois vivendo e comentando a distância física e geográfica em que nos encontramos.

De repente ele me diz que não posso levar meus planos adiante porque quase não nos veremos mais. Eu também o questiono quanto a sua estadia européia, o que acabará fazendo mais distante ainda nossos encontros e conversas Brasília afora. Nossas andanças pela ruas da capital localizada no Planalto Central.

Com isso serei obrigado (não que isso seja ruim) a conhecer o velho mundo. Já até arranjei outra boa companhia nessa futura viagem. Paulinho já se dispôs a ser meu companheiro na travessia do Atlântico e meu tradutor oficial e particular (hehehehe).

Em contrapartida apresentarei ao Cuba as belezas do país tropical. Sim, as noites, as praias e as pessoas fantásticas que se encontram no melhor do meu Brasil. Se prepara moleque, estes próximos anos serão nossos anos. Acredite!

Nossas vidas estão ganhando rumos diferentes. Etinerários que o destino nos traçou. Mas que nem por isso acabará ou diminuirá nossa amizade. A vida não nos fará ausentes, apenas nos distanciará um pouco.

Zizi Possi e Luiza Possi - Haja o que houver


Antes que comentáros maldosos e preconceitosos sejam feitos, sim amo este meu amigo. Se tem uma coisa da qual jamais me envergonhei foi em declarar meu amor por todos aqueles que me querem bem e que me fazem bem. Amo todos os meus amigos, amo a minha família, amo meus amores e ex-amores. Cada um com sua merecida e devida parcela do amor que tenho pra dar. Cada um muito bem amado.

Momento Ferreira Gullar

Traduzir-se

Uma parte de mim é todo mundo
Outra parte é ninguém, fundo sem fundo

Uma parte de mim é multidão
Outra parte estranheza e solidão

Uma parte de mim pesa, pondera
Outra parte delira

Uma parte de mim almoça e janta
Outra parte se espanta

Uma parte de mim é permanente
Outra parte se sabe de repente

Uma parte de mim é só vertigem
Outra parte linguagem

Traduzir uma parte na outra parte
Que é uma questão de vida e morte
Será arte ?

Adriana Calcanhoto - Traduzir-se

terça-feira, 23 de março de 2010

Momento Dalai Lama

"Uma árvore em flor fica despida no outono. A beleza transforma-se em feiúra, a juventude em velhice e o erro em virtude. Nada fica sempre igual e nada existe realmente. Portanto, as aparências e o vazio existem simultaneamente".

"Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver".

Perguntaram ao Dalai Lama:
- O que mais te surpreende na Humanidade?
E ele respondeu:
- Os homens... Porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde.
E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido.

"A arte de escutar é como uma luz que dissipa a escuridão da ignorância".

Nossa missão

Semana passada visitando o blog da minha professora, colega de radialismo e jornalismo, mestre e amiga Adriane Lorenzon (Loló), me encantei com um belíssimo texto a respeito das missões que cada um tem nessa vida.

Acredito naquela máxima de que não viemos aqui para passear. Pelo menos o passeio fica pra depois de cumprirmos nossas obrigações. Vale conferir. Abaixo o link para o texto.

Dri Loren para maiores - A missão de cada um

Natiruts - Nossa Missão

segunda-feira, 22 de março de 2010

Momento Carlos Drummond

Entre o ser e as coisas (1951 - CLARO ENIGMA )

Entre o ser e as coisas

Onda e amor, onde amor, ando indagando
ao largo vento e à rocha imperativa,
e a tudo me arremesso, nesse quando
amanhece frescor de coisa viva.

Às almas, não, as almas vão pairando,
e, esquecendo a lição que já se esquiva,
tornam amor humor, e vago e brando
o que é de natureza corrosiva.

N´água e na pedra amor deixa gravados
seus hieróglifos e mensagens, suas
verdades mais secretas e mais nuas.

E nem os elementos encantados
sabem do amor que os punge e que é, pungindo,
uma fogueira a arder no dia findo.

Canções Amigas

Na minha lista de amigos que devem ser homenageados faltam muitos nomes, mas o de hoje é de longe o que mais me faz rir. Luís não é dono de um repertório interessante ou bem contado de piadas. Talvez seja sem graça, sem noção (e por isso engraçado), mas sua teimosia e sua risada fácil conquistam e contagiam.

Sabe tudo, debocha de tudo e sempre está bem (ou pelo menos na maioria da vezes). Como me fará falta a presença constante, ou pelo menos ao meu alcance, das suas teimosias me irritando. Mas além de tudo é um grande amigo, um parceiro da vida.

Não é difícil ter afinidades entre nossos amigos. Aliás, isso é um dos fatores que justificam a amizade. Mas a surpresa foi saber que gostávamos de uma banda em especial. Creedence Clearwater é o que tanto me lembra o FDP (não perguntem a significado da sigla). Uma banda de Rock da década de 1960, norteamericana, mas que por vários motivos em comum chegou a nós dois.

O vídeo é a cena final de um dos primeiros capítulos do seriado gringo Cold Case

Creedence Clearwater Revival - Have you ever see the rain

sábado, 20 de março de 2010

O supermercado da vida

Faça sua escolha. Assim como nas prateleiras dos supermercados, muitas das escolhas que fazemos na vida estão ali ao nosso alcance. Boa parte depende apenas do nosso movimento, nosso gesto de pegá-las e carregarmos conosco.

Uma aquisição sem devolução, prazo de validade ou formas de armazenamento. Quanto ao valor... quase sempre a cobrança é tardia. Leva tempo para se pagar por esse produto não-perecível. Paga-se pouco, paga-se muito, ou mesmo recebe-se um bônus, um vale compra para outras escolhas.

Agora lembre-se, a vida também tem seus modismos. Segue tendências, estações e logo será preciso se atualizar. Abrir mão do que estiver fora de moda e buscar o atual. Afinal escolhas são, sim, um produto de consumo. Algumas são feitas para serem exibidas, ou pelo menos é o que alguns dos seus "consumidores" acreditam.

Só não deixe de fazer a sua escolha. Certa ou errada, faça! Os ajustes necessários, os acessórios, complementos e suprimentos serão adquiridos com o passar do tempo, mas por favor não deixe de escolher. Mesmo o ato de não fazer escolhas é, de certa forma, uma grande escolha. Mas a vida não acontece sem isso.

Me disseram que a vida é possível apenas por causa da água. Que loucura! A vida é possível pelas escolhas. Opte por não viver, nem mesmo o oceano poderá lhe trazer a vida. Mas quando você escolhe a vida, decide por lutar, renova suas forças e energiza-se da vontade de não se entregar. Sobrevive por dias debaixo de escombros, por horas em alto mar.

Escolher viver e lutar, este é o elemento fundamental à vida. Por isso não nos foi permitido viver ausentes, sem querer tomar partido ou atitude. Todos os dias assinalamos escolhas na prova da vida e todos os resultados são lições. Escolha, experimente, tente, ouse. Só não esqueça que tudo isso tem um preço.

(Confesso, lombrei bonito dessa vez. Que texto "coisado"! hehehe)

Cássia Eller - Aprendiz de feiticeiro

sexta-feira, 19 de março de 2010

Salve O Rappa!

Essa semana busquei na prateleira meu cd do Rappa, Rappa Mundi. Nossa!, como eram bons aqueles tempos em que um álbum começava e terminava mandando muito bem. Até mesmo o Lado B Lado A foi um álbum pra se ouvir do começo ao fim sem pular nenhuma faixa. Som, letras e os vocais de Falcão em perfeita sintonia. Hoje curtindo os trabalhos mais recentes da banda percebo que as letras e a genialidade de Marcelo Yuka fazem falta. Assim como Falcão e cia fazem falta à sonoridade do FURTO, trabalho posterior de Yuka após a saída do Rappa. Que o destino reúna estes talentos e algum dia possamos ouvir por aí novos "Rappas Mundis".

Salve O Rappa! Salve Yuka! Salve Falcão!

O Rappa - Pescador de Ilusões


O Rappa - Lado B Lado A


O Rappa - O que sobrou do céu


O Rappa - Minha Alma


O Rappa e Maria Rita - Rodo Cotidiano


O Rappa - Ilê Ayê

Frank Sinatra, eu e meu avô

Algumas canções me vêem à mente num súbito. De uma maneira inexplicável me aparecem e ficam. Costumo comentar com os amigos que sinto ter vivido, intensamente, as décadas de 1950, 1960 e 1970. Sim, acredito nesse lance de reencarnações e vidas passadas.

Mas sei que pra isso de fato ter me acontecido eu tive de reencarnar rápido. Segundo essa crença eu teria morrido numa década e voltado na seguinte (1980). Mas eu não consigo explicar essa minha estreita relação com as músicas destes períodos. Meu fascínio por Elis Regina é perto do doentio, mas o capítulo Elis fica para outro post, outra madrugada mais sóbria.

Hoje cantarolava Frank Sinatra. Uma canção antiga que há muito não ouvia. Tudo bem, ontem alguém a mencionou em algum programa de TV, mas ela ficou impregnada na minha cabeça desde então. No fim da tarde desta quinta (há algumas horas) achei um belo vídeo com a tradução desde clássico internacional.

É... mesmo com meu semi-analfabetismo inglês, parecia compreender tudo o que Frank (olha a intimidade) cantava. Belas palavras, bela voz... entre tantas belezas me veio a lembrança do meu velho (meu avô), que nem sei se gostava tanto assim do cantor e ator dono dos famosos olhos azuis.

Mas meu avô também tinha seu charme. O coroa era bonitão e também deve ter tido seus tempos de sucesso com seus olhos mel/esverdeados. Um homem íntegro que até hoje nunca ouvi ninguém maldizê-lo. Mesmo tendo convivido tão pouco, sempre nos gostamos muito. Ele tinha uma predileção por mim e por meus irmãos, obviamente por minha mãe ser a sua filha queridinha e eu também ser seu afilhado.

Sinto bastante a sua falta. Quando acordo nos domingos pela manhã sei que ele não estará mais na sala conversando com meu pai. Com aqueles seus óculos, o cabelo ainda não totalmente grisalho e o longo guarda-chuva preto ao seu lado, sentado e esperando os netos acordarem para lhes abençoar.

Além das lembranças a canção me trouxe um reflexo da minha vida. Ainda não vivi quase nada. Sei que passarei por muitas coisas, boas e ruins. Perderei amigos, outros parentes, outros amores. Errarei, acertarei e tentarei muitas vezes até conseguir, mas fiz um balanço dessa minha jovem e inexperiente vida.

Cada um sabe o que passa e passou. Sei dos desafios, das minhas batalhas, e das minhas conquistas que tive nestes pouco mais de 20 anos. Sei que muitas dessas coisas não foram vividas por muitas das pessoas mais velhas que eu conheço.

Isso não é um lamento, nem estou me engrandecendo por isso. Algumas dessas vivências foram doloridas. Estou apenas relatando, registrando tudo o que uma canção me trouxe em um dia. E foi bom. Nostálgico!

Reavivar lembranças e sentimentos é sempre algo bom de se fazer. Mesmo quando tudo isso traz na mente a perda de quem se amou muito.

Acredito que um dos segredos de uma boa vida deve estar nas lembranças. Aquele que lembrar e guardar os ensinamentos da vida deve ser quem passará melhor por aqui.

Frank Sinatra - My Way

quinta-feira, 18 de março de 2010

Canções Amigas

Ainda me lembro como se fosse ontem... Branco me explicando nossa amizade. Até hoje qualquer explicação parece ser pouca, inexplicável. Mas quando ele me dedicou essa música eu entendi tudo. Sorrindo, um sorriso mais largo do que qualquer sorriso já dado (ou pelo menos mais largo que a maioria) simplesmente nos abraçamos e os olhos se agradeceram e também sorriram.

Cidade Negra - Podes crer

quarta-feira, 17 de março de 2010

Canções Noturnas

As canções noturnas são feitas pra isso, para se ouvir durante a madrugada. Naquele momento de silêncio em que não dá pra correr da gente. Momento de lembranças, de tristezas, de mágoas, de revoltas, de reflexões, de medos, de incertezas... uma hora ou outra elas tocam em todos os corações. Não tente fugir disso! (hehehehehehe)

Maria Gadú - Lanterna dos Afogados

terça-feira, 16 de março de 2010

Agora!?

Agora é todo o tempo que tenho. É o que me restou de ontem e o que tenho para o meu amanhã. "Fale agora, ou cale-se para sempre". "Não deixe pra depois o que você pode fazer agora". "A hora é agora". "Só posso se for agora". As necessidades e as vontades são mimadas, precisam ser supridas de imediato. E agora?

A urgência dos nossos tempos não vale para as coisas realmente importantes, aquelas que geralmente não temos tempo. Não temos esse "agora". Depois, mais tarde, daqui a pouco... mais do que expressões, tornaram-se noções distantes de tempo. Logo agora? Sabe Deus quando virá este instante que tanto adiamos. O imediato só vale para os nossos anseios.

Agora é so um verbete perdido em algum dicionário pouco usado, largado na estante, por falta de tempo. Aconteceu ainda agora.

Agora é tão pouco que mal termino de dizer e já acabou. Terminou ainda agora, quando fiz disso uma pequena citação no tempo.

Maria Bethânia - Debaixo d'água/Agora

Momento Carlos Drummond de Andrade

"O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar."

"Perder tempo em aprender coisas que não interessam, priva-nos de descobrir coisas interessantes."

"Ninguém é igual a ninguém. Todo o ser humano é um estranho ímpar."

"A amizade é um meio de nos isolarmos da humanidade cultivando algumas pessoas."

segunda-feira, 15 de março de 2010

Encontros e Desencontros

Dia de diálogos. Bem, ser comunicólogo dá nisso: comunicar! Essa foi a ordem do dia de ontem. Muitas conversas, encontros e "entrevistas" com amigos, familiares e pessoas especiais.

Que bom, há tempos não fazia isso tanto. Olhei ao meu redor e vi que existem muitas pessoas queridas que posso acalentar, ouvir ou amenizar seus sofrimentos. Não sei se, de fato, consegui resolver ou aliviar algo dentro desses peitos angustiados, mas fiz o meu melhor.

Os abraços apertados, os sorrisos, olhos cheios d'água, risadas... tudo gratifica. Atos sinceros que compensam e pagam ainda mais qualquer sensação fútil e mesquinha de que estes atos precisam ser recompensados com algo em troca. Ser amigo, solidário, ouvinte e paciente é um exercício para o meu espírito. Ser quem eu sou, por gostar de ser assim, me satisfaz por completo. Sou apaixonado por pessoas e as suas histórias, por seres humanos de carne e osso que sofrem, amam, erram e acertam. Posso ouvir por horas os relatos da vida sem me cansar, apenas por me encantar e aprender um pouco mais.

Faço isso sem grandes pretensões, apenas de garantir o mais surprendente dos brindes ao meu dia. Saber que conquistamos e cultivamos espaços preciosos e valiosos dentro dos corações das pessoas que realmente importam em nossas vidas. Fazer o bem para que, quem sabe um dia, o receba de volta do universo.

Relações que se estreitam, que se criam, se fortalecem, se reconstróem e se tornam eternas, mesmo que momentaneamente. Não! Não existem acasos nessa vida. Eu deveria estar naquele lugar, naquela hora com aquela pessoa. Da mesma forma que deveria não estar ou ver certas situações, mas sem esse lance de "por acaso...". Acaso foi inventado por algum covarde que teme a vida e seus encontros e desencontros.

Existe alguém que só precisa de um minuto de atenção. E, talvez, eu precise parar meu tempo corrido e dar atenção por um minuto para alguém que tanto gosto. Ou mesmo para quem acabei de conhecer, mas poderá ser mais um parceiro nessa vida.

Como uma sábia vovó ensinou à sua neta: Quando uma pessoa chega com um problema até você, é porque você pode resolver esse problema.

Paulinho Moska - Reflexos e Reflexões

Encontros Musicais - 15/03

Os encontros de hoje representam grandes parcerias que renderam álbuns inteiros com estes duetos. Começando pela parceria de Pedro Luís (e a sua parede) com o mestre Ney Matogrosso.

Ney Matogrosso e Pedro Luís e a Parede - O mundo


Titãs e Os paralamas do Sucesso - Marvin


Fagner e Zeca baleiro - Palavras e Silêncio


Simone e Zélia Duncan - Mãos Atadas


Roberto Carlos e Caetano Veloso - Wave

Canções Amigas

É difícil buscar a definição de alguém que é tão parecido com a gente. Em outras vidas o que será que eu fui dessa amiga tão importante pra mim? Michelle parece ser meu juízo, minha voz interna que ecoa dentro da minha cabeça e que não sei agir sem ouví-la. Michelle, meu relicário. É nela que se deposita o melhor de mim.

Cássia Eller e Nando Reis - Relicário

domingo, 14 de março de 2010

Ultimatum

Mandado de despejo aos mandarins do mundo

Fora tu,
reles
esnobe
plebeu
E fora tu, imperialista das sucatas
Charlatão da sinceridade
e tu, da juba socialista, e tu, qualquer outro
Ultimatum a todos eles
E a todos que sejam como eles
Todos!

Monte de tijolos com pretensões a casa
Inútil luxo, megalomania triunfante
E tu, Brasil, blague de Pedro Álvares Cabral
Que nem te queria descobrir

Ultimatum a vós que confundis o humano com o popular
Que confundis tudo
Vós, anarquistas deveras sinceros
Socialistas a invocar a sua qualidade de trabalhadores
Para quererem deixar de trabalhar
Sim, todos vós que representais o mundo
Homens altos
Passai por baixo do meu desprezo
Passai aristocratas de tanga de ouro
Passai Frouxos
Passai radicais do pouco
Quem acredita neles?
Mandem tudo isso para casa
Descascar batatas simbólicas

Fechem-me tudo isso a chave
E deitem a chave fora
Sufoco de ter só isso a minha volta
Deixem-me respirar
Abram todas as janelas
Abram mais janelas
Do que todas as janelas que há no mundo

Nenhuma idéia grande
Nenhuma corrente política
Que soe a uma idéia grão
E o mundo quer a inteligência nova
A sensibilidade nova

O mundo tem sede de que se crie
Porque aí está apodrecer a vida
Quando muito é estrume para o futuro
O que aí está não pode durar
Porque não é nada

Eu da raça dos navegadores
Afirmo que não pode durar
Eu da raça dos descobridores
Desprezo o que seja menos
Que descobrir um novo mundo

Proclamo isso bem alto
Braços erguidos
Fitando o Atlântico

E saudando abstractamente o infinito."

Álvaro de Campos, em 1917

Abaixo o texto completo na voz de Maria Bethânia.

Maria Bethânia - Ultimatum