Algumas canções me vêem à mente num súbito. De uma maneira inexplicável me aparecem e ficam. Costumo comentar com os amigos que sinto ter vivido, intensamente, as décadas de 1950, 1960 e 1970. Sim, acredito nesse lance de reencarnações e vidas passadas.
Mas sei que pra isso de fato ter me acontecido eu tive de reencarnar rápido. Segundo essa crença eu teria morrido numa década e voltado na seguinte (1980). Mas eu não consigo explicar essa minha estreita relação com as músicas destes períodos. Meu fascínio por Elis Regina é perto do doentio, mas o capítulo Elis fica para outro post, outra madrugada mais sóbria.
Hoje cantarolava Frank Sinatra. Uma canção antiga que há muito não ouvia. Tudo bem, ontem alguém a mencionou em algum programa de TV, mas ela ficou impregnada na minha cabeça desde então. No fim da tarde desta quinta (há algumas horas) achei um belo vídeo com a tradução desde clássico internacional.
É... mesmo com meu semi-analfabetismo inglês, parecia compreender tudo o que Frank (olha a intimidade) cantava. Belas palavras, bela voz... entre tantas belezas me veio a lembrança do meu velho (meu avô), que nem sei se gostava tanto assim do cantor e ator dono dos famosos olhos azuis.
Mas meu avô também tinha seu charme. O coroa era bonitão e também deve ter tido seus tempos de sucesso com seus olhos mel/esverdeados. Um homem íntegro que até hoje nunca ouvi ninguém maldizê-lo. Mesmo tendo convivido tão pouco, sempre nos gostamos muito. Ele tinha uma predileção por mim e por meus irmãos, obviamente por minha mãe ser a sua filha queridinha e eu também ser seu afilhado.
Sinto bastante a sua falta. Quando acordo nos domingos pela manhã sei que ele não estará mais na sala conversando com meu pai. Com aqueles seus óculos, o cabelo ainda não totalmente grisalho e o longo guarda-chuva preto ao seu lado, sentado e esperando os netos acordarem para lhes abençoar.
Além das lembranças a canção me trouxe um reflexo da minha vida. Ainda não vivi quase nada. Sei que passarei por muitas coisas, boas e ruins. Perderei amigos, outros parentes, outros amores. Errarei, acertarei e tentarei muitas vezes até conseguir, mas fiz um balanço dessa minha jovem e inexperiente vida.
Cada um sabe o que passa e passou. Sei dos desafios, das minhas batalhas, e das minhas conquistas que tive nestes pouco mais de 20 anos. Sei que muitas dessas coisas não foram vividas por muitas das pessoas mais velhas que eu conheço.
Isso não é um lamento, nem estou me engrandecendo por isso. Algumas dessas vivências foram doloridas. Estou apenas relatando, registrando tudo o que uma canção me trouxe em um dia. E foi bom. Nostálgico!
Reavivar lembranças e sentimentos é sempre algo bom de se fazer. Mesmo quando tudo isso traz na mente a perda de quem se amou muito.
Acredito que um dos segredos de uma boa vida deve estar nas lembranças. Aquele que lembrar e guardar os ensinamentos da vida deve ser quem passará melhor por aqui.
Frank Sinatra - My Way
sexta-feira, 19 de março de 2010
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