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terça-feira, 15 de junho de 2010

A maçã ferida

Entrei na cozinha em busca de um sabor que não sabia ao certo qual seria. Observando as maçãs tentei achar a mais bonita e gostosa, a que estivesse próxima da perfeição. Maçã perfeita? Comecei a rir de mim e das minhas loucuras. Perfeição é mais uma daquelas palavrinhas que a gente nunca vai saber o que significa plenamente. O perfeito está sempre sujeito as imperfeições.

Quantas vezes me surpreendi com um dia perfeito e de repente vieram outros melhores ainda. E aquele, o primeiro, já não conseguia ser tão perfeito assim. Já era pouco pra mim, porque já havia mudado meu conceito de perfeição. Os beijos e noites perfeitas foram superadas em inúmeras outras noites.

E os seres humanos perfeitos? Ou são seres humanos, ou são perfeitos, não podem ser os dois ao mesmo tempo. Mas meu erro foi me esquecer dessa regra. E me horrorizar quando o meu super herói cometeu um crime. Eu não vi, mas suas mãos sujas de sangue o incriminaram fácil e inegavelmente. E agora, devo temê-lo ou continuar a adorá-lo? Já não consigo olhá-lo com os olhos brilhantes e infantis de antes.

Como criança arredia, corri para o quarto e debaixo das cobertas não quis acreditar que meu herói seria capaz de ser cruel. De perder sua justiça e ferir tanta gente inocente. De me ferir usando seus poderes e sua super-confiança. Com o passar dos dias tudo acabou se ajeitando. Feridos se recuperaram e o herói foi julgado e perdoado no fim. Pelo menos acredito que tenha sido assim.

Ele ainda nos protege? Não sei, desisti dos heróis. Acho que estou velho demais pra eles, então deixei-os nos meus quadrinhos. Os esqueci nas prateleiras empoeiradas e entendi que o transformei em herói sem ao menos saber se queria tais poderes e responsabilidades. Assim como eu, ele é apenas um humano. Somos iguais, então consegui deixar as cobertas e olhar nos seus olhos novamente.

Peguei a maçã que estava um pouco ferida no topo. Retirei a parte estragada e comi o restante da fruta. Aquela não seria a perfeita, à primeira vista, mas estava deliciosa como uma boa maçã tem de ser. Mais uma lição aprendida na cozinha: Não esperar demais das "maçãs" pode nos render boas (e saborosas) surpresas!

Engenheiros do Hawaii - Pra ser sincero

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