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sábado, 3 de abril de 2010

Comunicação e emoção

A comunicação é um processo muito gratificante, na grande maioria das vezes. Existem os contratempos, mas é muito bom fazer o seu trabalho e no final ver que a mensagem foi trasmitida de uma maneira clara e objetiva. Infelizmente temos de lidar com situações das mais delicadas para que essa informação seja levada ao público, independente de qual fato tenha ocorrido.

Ontem, no fim da noite fiquei triste com a cena do avião da esquadrilha da fumaça indo em direção ao solo. O espanto do público e os gritos de horror e desespero intensificaram a imagem já captada pelos olhos. Mortes não são em nada agradáveis. Na minha curta vida profissional já presenciei muito mais mortes do que todos os leitores desse blog podem imaginar.

Mortes cruéis, fúteis e muitas vezes fruto da insanidade humana, mas mesmo essa convivência com a morte não ameniza o impacto dela sobre mim. Em especial neste caso, onde um oficial da aeronáutica foi vítima de um acidente tão grave e chocante. Fica então minha pergunta, como comunicar isso? Como comunicar esta tragédia sendo você um amigo/colega da vítima?

Minha boa relação com a Força Aérea vem desde 2006, quando estagiei na institução. Participando de um exercício de simulação de guerra, feita em Anápolis (GO) entre o Brasil e os países vizinhos e tendo a França como convidada, pude conhecer muitos oficiais da instituição.

Colegas de comunicação e que hoje sentem a perda do amigo da esquadrilha da fumaça, mas que mesmo assim devem retrasmitir a informação à sociedade. Também foi na base da cidade goiana que, da pista de pouso, eu assisti a belíssima apresentação da esquadrilha.

Me senti como se fosse membro da comunicação da aeronáutica e talvez tenha sido por isso que me senti mal em ver tudo o que aconteceu. Um oficial, amigo dos tempos de Anápolis, falou por telefone a um telejornal da madrugada sobre a tragédia. Falou bem e de forma segura, até mesmo pela experiência com outras tragédias como a queda do avião da Gol, em 2006, ou mesmo do avião da AirFrance, em 2009. Mas como estar preparado pra isso? Falar da morte de um colega sem se envolver com tudo isso? Como gerenciar o problema institucional e o problema emocional da perda?

É nessas horas que digo aos amigos que comunicar não é tão fácil quanto parece.

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