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quarta-feira, 19 de maio de 2010

Cartilha sobre o dia da minha morte

Quando eu morrer não quero seu choro, seu pranto, ou seu remorso. Me dê um sorriso e lembre-se de tudo de bom que vivemos. Ainda que tenha sido pouco ou que tenha sido louco da minha parte. Eu também me diverti contigo, pode acreditar.

Quando eu partir dessa pra melhor não esquente a cabeça. Não mande fazer camisetas, nem santinhos com meu rosto e frases de saudade. Talvez você não saiba escolher a melhor foto, talvez aquele não seja o meu melhor ângulo.

Quando eu estiver do lado de lá não me chame. Deixa eu me acomodar e conhecer o pessoal. Depois, quando eu tiver tempo, volto pra contar como são as coisas por lá. Volto pra saber como estão as coisas por aqui. Mas por favor: não me chame a todo instante!

Quando eu for apenas um corpo sem vida não se preocupe mais. Nada me aflige ou me atormenta. O que vai me importar é bem pouco e já não precisarei me importar com nada disso. Não estou sendo cruel, estou apenas sendo realista.

Quando eu não estiver vivo lembre bem de mim. Reze, ore, medite no templo que frequentares, mas não se esqueça: lembre-se de mim. Só peço uma prece, esse é o meu preço. No mais façam do meu corpo o que for mais barato. Não quero, mesmo morto, te dar mais uma despesa.

Quando eu for embora pode relaxar. Conte meus podres, revele meus segredos. Não quero ser santo, mas também não exagere detalhando tudo. Entre o bom e mau me deixe ficar no meio termo para que todos saibam que eu também errei e fui humano como todo mundo.

Quando eu não estiver mais por perto se acalme. Em silêncio, apenas feche seus olhos e veja que permaneço vivo em cada recordação. Tudo bem, eu sei que não estarei aqui ao seu alcance, mas não estarei distante. Aquilo que eu sou pra você permanecerá vivo, enquanto você quiser.

Enquanto isso não se esqueça de mim e aproveite, porque ainda estou vivo.

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