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segunda-feira, 10 de maio de 2010

Nas noites de sábado

O café, o cigarro e o sexo barato não duraram a noite toda. Antes do sono chegar ele ainda esperava por um telefonema, uma chance de amar outra vez. Deite-se! O amor está em falta, dizia algum espírito debochado que lhe perturbava nas noites de sábado.

A companheira acordou assustada e pediu que apagasse a luz. Resmungou algo e logo dormiu outra vez. Ele levantou, atendeu ao pedido e saiu do quarto. Precisava de outro cigarro, outra dose de céu estrelado antes de chorar em silêncio.

O café forte era o sustento do homem fraco. O telefone permaneceu quieto, não o chamou, não lhe trouxe o que tanto esperava, não ligou para o seu sofrimento. Talvez por isso ele o arremessou no meio da rua. No meio do escuro que se formava em frente aos seus olhos vermelhos.

Grita! Gritaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!, a voz sussurrou em seu ouvido. E ele gritou. Sua garganta arranhada parecia não se cansar daquilo. O mundo percebeu sua dor e logo todos acordaram, mas ninguém se levantou. Ajeitaram-se, viraram-se e dormiram outra vez. O choro agora era pranto, era tanto que seu corpo se apoiou na parede e desceu até que o chão pudesse ampará-lo.

Mais um cigarro, mais um trago. A porta se abria e, enquanto fumava, a mulher apenas gritava e o xingava, ela também partiu. Melhor assim, pensou: Agora só preciso suportar a mim. Tragou todo o maço. A solidão fizera-se presente de todas as maneiras possíveis. Nem os cachorros da vizinhança quiseram latir ou demonstrar que estavam ali naquela noite.

Descalço, de bermuda e vestindo o seu casaco saiu até o supermercado para buscar seu vício. Lembrou de quando saía pela noite, andando, beijando-a. Pensou em bater na porta da casa dela, pular o muro e se matar dentro do seu quintal, mas antes precisava fumar. O dinheiro amassado em sua mão esquerda era vitimado por todo o ódio que ele sentia.

Cigarro comprado, desejo tragado, era hora de dormir. Se fosse pra morrer ou cometer suas loucuras que as fizesse amanhã. Sempre havia deixado tudo para o dia seguinte, hoje não seria diferente.

Frejat - Homem não chora

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